Paulo Raimundo e Pedro Nuno Santos condenam degradação do SNS. PS é acusado de se aliar à AD
Frente a frente de Paulo Raimundo e Pedro Nuno Santos em debate para as eleições legislativas.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, critica a atuação do Governo de Luís Montenegro na área da Saúde, em debate com o líder da CDU, Paulo Raimundo, para as eleições legislativas.
Num frente-a-frente na RTP, o líder socialista, Pedro Nuno Santos, e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, dividiram-se, com o socialista a apelar ao voto útil e a acusar as propostas da CDU de irrealismo, e o comunista a criticar o programa "poucochinho" do oponente e a argumentar que o PS desperdiçou o tempo que teve na governação.
"A Saúde é uma das áreas de falhanço de Luís Montenegro e das suas políticas", afirma Pedro Nuno Santos. O líder socialista disse que Luís Montenegro prometeu melhorar o SNS, mas não avisou os portugueses que a situação iria piorar antes de melhorar.
Paulo Raimundo admitiu que a questão não é fácil de resolver de "um dia para o outro", mas disse não ser "aceitável que haja 19 urgências fechadas este fim de semana".
O líder comunista acusou Pedro Nuno Santos de viabilizar o programa do Governo da Aliança Democrática, referindo o Orçamento de Estado. O secretário-geral do PS justificou a posição dos socialistas, afirmando que ajudou a AD a governar para evitar que o país fosse novamente a eleições.
Paulo Raimundo desvalorizou a justificação de Pedro Nuno Santos, reiterando que o PS apoiou a AD. Raimundo disse ainda que "é preciso coragem e determinação para haver uma política ao serviço da maioria e não da minoria".
Questionado sobre se há caminho para entendimentos entre comunistas e socialistas, Pedro Nuno Santos começou por apontar ao PCP o "erro histórico" de equiparar o PS e a AD - uma acusação a que Paulo Raimundo respondeu afirmando ser uma "frase feita" - e argumentou que o PS, ao aprovar o Orçamento do Estado para 2025, "deu estabilidade ao país".
Perante a mesma pergunta, Raimundo disse que há espaço para um acordo com os socialistas, se o PS mudar o caminho que tem seguido, e escolher a valorização, por exemplo, das carreiras dos profissionais por turno, a resposta à crise da habitação e o reforço dos meios do SNS.
"Se é para este caminho, contam connosco. Se é para manter o mesmo rumo, ainda que com caminhos diferentes, não vale a pena", acrescentou.
A questão do voto útil voltou a estar em cima da mesa neste debate, com o líder do PS a reiterar que para os socialistas vencerem as eleições e poderem suceder à AD no Governo "não pode haver uma grande dispersão de votos".
Mais à frente no confronto, Pedro Nuno Santos defendeu que a coragem na política está "em ir ao limite daquilo que é possível", garantindo que é isso que fará o PS, e disse que as propostas dos comunistas "ficam bem como promessa, mas depois não têm aplicabilidade".
Também a imigação foi tema de debate, com o líder socialista a garantir que os princípios e valores do partido sobre esta matéria não mudaram com a sua liderança e que houve uma adaptação à realidade, mas que manteve a defesa de uma "imigração regulada e humanista".
Raimundo defendeu que a "economia do país não funcionava sem imigrantes", mas que é necessário que quem chega ao país veja a sua situação regularizada. Para isso, acrescentou, é preciso dotar a AIMA dos meios necessários e "criar as condições para aqueles que procuram [uma vida melhor] em Portugal".
Houve espaço ainda para Pedro Nuno Santos responder sobre a averiguação preventiva aberta pelo Ministério Público, com o socialista a afirmar apenas que ainda não foi contactado e a insistir que a denúncia anónima foi feita com "motivação política".
No dia da morte do Papa Francisco, a questão abriu o debate, com o líder do PS a lembrar Francisco como um "homem bom e generoso" que deixou uma "mensagem de amor ao próximo" e o secretário-geral do PCP a lamentar um "dia triste para os amantes do combate contra as injustiças e desigualdades".
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