Costa contra governo de gestão
António Costa responde a Cavaco Silva.
A ideia de um governo de gestão por cinco meses foi esta segunda-feira introduzida no debate político pelo Presidente da República, Cavaco Silva, que a partir do Funchal recordou a sua própria experiência em 1987, quando foi derrubado por uma moção de censura. "Eu aguentei cinco meses", disse. Para o líder do PS "é consensual que a pior das soluções é um governo em gestão". "Nisso, até o PSD está de acordo", disse António Costa em entrevista à RTP.
Num registo em que procurou não afrontar o Chefe de Estado, Costa pediu celeridade. "Um governo de gestão nem sequer um orçamento de Estado pode apresentar. Arrastar-nos-ia para uma situação indefinida", avisou, lembrando que o que afasta o investimento não é a incerteza dos acordos de esquerda, mas a falta de estabilidade. "Seria um erro muito grande manter o clima de incerteza, optar por governos de gestão ou por eleições de seis em seis meses. Isso sim teria efeito penalizador no investimento."
Horas antes, o porta-voz do PSD, Marco António Costa, deixou dois recados: primeiro acusou o PS de ter provocado "um golpe político", rejeitando que a solução seja a de um executivo PS; depois, pediu um executivo em "plenitude de funções". Sobre um governo de iniciativa presidencial, evitou falar de cenários.
Na coligação, o discurso de Cavaco Silva criou confusão, pois ficou no ar a ideia de que o Chefe de Estado pode resistir a dar posse a Costa. Contudo, para Passos Coelho o calendário está claro: "Penso que dentro de duas semanas a nossa situação estará definitivamente clarificada. E haverá um novo Governo para negociar com Bruxelas", desabafou sem saber que os microfones gravavam a conversa num encontro com Herman Van Rompuy, em São Bento.
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