PSD enaltece "relação secular" Portugal-EUA. PS concorda mas rejeita que seja "insubstituível"

Partidos estiveram presentes no debate de urgência requerido pelo BE sobre as "ameaças da administração Trump".

19 de fevereiro de 2025 às 18:36
Parlamento Foto: João Cortesão
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PSD e PS concordaram, esta quarta-feira, na importância da "relação secular" entre Portugal e Estados Unidos da América (EUA), mas os socialistas rejeitaram que este país seja um "parceiro insubstituível", advertindo que se avalie "o dia-a-dia".

Durante um debate de urgência requerido pelo BE na Assembleia da República, intitulado "As ameaças da administração Trump e a reação do Governo português no contexto europeu", o deputado Paulo Moniz, do PSD, defendeu que os EUA "são para Portugal um parceiro muito importante", quer a nível económico, quer "na relação transatlântica única no quadro da União Europeia".

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"Esta é uma relação secular que importa preservar em nome do país e em nome dos interesses de Portugal", defendeu o social-democrata, que criticou ainda o BE pela "insistência numa "figura idílica" de que se pode "contribuir e manter a paz" se não se estiver "preparado para a guerra".

Antes, na abertura do debate, a coordenadora bloquista, Mariana Mortágua, tinha equiparado o Presidente norte-americano, Donald Trump, ao chefe de Estado da Federação Russa e deixou uma pergunta.

"Se Trump e Putin são aliados, e Putin é inimigo, o que é que isso faz de Trump? Este simples problema de lógica deu um nó na cabeça das lideranças europeias, incluindo a portuguesa", criticou a bloquista.

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Considerando que a União Europeia está "paralisada perante dois imperadores de extrema-direita", que "estabelecem entre si os termos da rendição da Ucrânia" e a "organização dos negócios do mundo", Mortágua rejeitou a ideia de um exército europeu e insistiu na saída da NATO.

"Troquem a escola, a saúde e solidariedade, por bombas e drones assassinos e os únicos que ficarão a salvo são os partidos da extrema-direita que se alimentam da degradação do estado social", avisou.

Pelo PS, o deputado João Paulo Rebelo considerou que "desde que assumiu a presidência norte-americana, Trump tem tido afirmações, atitudes, e promovido uma agenda que ameaça a estabilidade da Europa e a ordem internacional", e criticou a "guerra comercial e aduaneira" que o republicano "parece estar com vontade de encetar".

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"Dizer com isto que os EUA não são um parceiro de longa data de Portugal? Evidentemente que são. Agora, afirmar, como aqui afirmou o deputado Paulo Núncio, que os EUA são um parceiro insubstituível de Portugal, pode parecer bem numa perspetiva tradicionalista onde o CDS se inscreve, mas ao PS, digamos, como dogma, isso não nos serve", advertiu.

O socialista avisou que os EUA são "um parceiro de longa data" mas que Portugal tem que "avaliar no dia-a-dia" como é que se posiciona nessa parceria.

João Paulo Rebelo não deixou, contudo, de criticar o BE, interrogando os bloquistas sobre que "neutralidade ativa" defendem "na prática".

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Pelo Livre, o deputado Jorge Pinto considerou que "estes EUA não são aliados" e que, com Trump, "a NATO é uma não existência", defendendo a criação de "uma comunidade europeia de Defesa".

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, insistiu que a UE "se colocou sempre numa posição de subalternização face aos EUA" e pediu "cooperação nas relações internacionais e não o militarismo".

Do lado oposto do hemiciclo, o deputado do Chega Ricardo Dias Pinto considerou que "a Europa enfrenta uma crise séria" mas que tal não se deve a Trump mas sim "às lideranças europeias dos últimos 30 anos".

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Rodrigo Saraiva, da IL, defendeu que a UE tem que se tornar num "ator global autónomo", recusou a política protecionista de Trump, e deixou duras críticas ao BE, à semelhança do líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio, que acusou os bloquistas de "prejudicar a credibilidade do país no cenário internacional".

Na reta final do debate, numa troca de acusações entre Chega e BE, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, anunciou que tinha sido informado de que tem um botão que permite desligar o microfone dos deputados, retirando-lhes a palavra.

"Fui eu que cortei a palavra ao deputado André Ventura quando estava a falar e agora ao deputado Fabian Figueiredo. Ficam a saber que assim será para futuro também", advertiu, num momento em que o parlamento debate regras de conduta dos deputados.

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