Reações nacionais à nomeação de Guterres
Antigo Primeiro-ministro venceu a corrida para secretário-geral da ONU.
O Governo português congratulou-se com o resultado obtido por António Guterres na votação para o cargo de secretário-geral da ONU, considerando ser "uma escolha que muito prestigia o país", indicou em comunicado do conselho de ministros.
"O Governo congratula-se com o resultado obtido por António Guterres na sexta votação para o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas, saudando o empenho da diplomacia portuguesa e a forma transparente como decorreu o processo de eleição promovido pela ONU", lê-se na nota.
Para o Executivo, "esta é uma escolha que muito prestigia o país e vem reconhecer o elevado mérito e a notável carreira de serviço público de António Guterres, tanto a nível nacional como internacional, destacando o trabalho que desenvolveu ao longo de dez anos em prol da defesa dos direitos humanos, enquanto Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados".
Assim, "o Governo português felicita António Guterres e deseja-lhe os maiores sucessos na liderança daquela que é a mais importante organização internacional", conclui a nota do conselho de ministros.
PS saúda Guterres, homem de "extraordinárias qualidades"
O PS apresentou uma nota de saudação pela aclamação de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas, dizendo que o militante 127 do partido, e antigo secretário-geral socialista, é um homem de "extraordinárias qualidades".
"O PS reafirma o profundo orgulho que sempre sentiu no seu militante n.º 127 e antigo secretário-geral, que tem uma longa e profícua história política que faz parte do património político e histórico do PS", diz uma nota dos socialistas divulgada esta tarde, após ser conhecida a aclamação do português.
Guterres, frisa o PS, "está ligado a momentos absolutamente marcantes da história" do partido e de Portugal, "bastando recordar o seu papel crucial, como primeiro-ministro, na batalha diplomática internacional que levou à independência da República Democrática de Timor Leste".
"Esta eleição de António Guterres corresponde, além do mais, ao mais participado, transparente e democrático processo de sempre na escolha do secretário-geral da ONU, o que só acentua as suas extraordinárias qualidades pessoais e políticas para o desempenho do cargo, largamente demonstradas ao longo de todo este processo, ultrapassando todas as fases com brilhantismo que o consolidaram como a personalidade mais indicada para o desempenho de tão importante função", prosseguem os socialistas.
A escolha do português para o mais alto cargo das Nações Unidas abre, acredita o PS, uma "nova era de esperança e confiança numa instituição essencial na prossecução do ideal da paz e do desenvolvimento da Humanidade".
O PS destaca também o trabalho do Presidente da República, do Governo, da diplomacia de Portugal, de todos os partidos e de "outros setores" do país que se souberam unir "em torno de uma candidatura abrangente e verdadeiramente nacional".
Jerónimo de Sousa valoriza Guterres
O secretário-geral do PCP, embora valorizando a eleição de António Guterres para próximo secretário-geral das Nações Unidas, sublinhou a necessidade de respeitar "princípios e valores" da instituição e lembrou que outros portugueses foram incapazes de corresponder às expectativas.
"Quero dizer que nós valorizamos, mas não pode ser critério determinante. Nem todos os portugueses com cargos institucionais no estrangeiro foram capazes de corresponder a essas expectativas", afirmou, em referência, por exemplo, ao ex-presidente da Comissão Europeia Durão Barroso, quando questionado sobre os benefícios do sucedido para Portugal.
Jerónimo de Sousa, à margem de uma sessão pública em Lisboa sobre segurança social, destacou que "o que vai ser determinante vai ser se, sim ou não, o novo secretário-geral da ONU consegue fazer vingar o direito internacional e a carta das Nações Unidas, com seus princípios e valores".
"Tendo em conta a realidade mundial, em que não se pode ser neutro, deve-se fazer um esforço muito grande para que se mantenha a paz à escala planetária, a cooperação e o desenvolvimento numa perspetiva de respeito mútuo, contra a tentativa que alguns pretendem fazer [de ameaça] em relação à soberania dos povos e dos próprios Estados", concluiu.
Cardeal-patriarca destaca qualidades já demonstradas por Guterres
O cardeal-patriarca de Lisboa Manuel Clemente congratulou-se pela nomeação de António Guterres para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas, para o qual já demostrou qualidades, noutras missões.
"A qualidade de António Guterres está mais do que demonstrada nas diversas missões que desempenhou, quer em Portugal, quer no estrangeiro, concretamente com os refugiados que é o problema mor da atualidade internacional, e que ficará em boas mãos", afirmou Manuel Clemente, numa mensagem enviada à Lusa.
O cardeal-patriarca realçou o papel das Nações Unidas na atualidade internacional, pois "há muitas e muitas questões que só podem ser resolvidas nas plataformas internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) o é muito especialmente".
Manuel Clemente afirmou-se "muito esperançoso e contente" no desempenho do cargo de secretário-geral das Nações Unidas por António Guterres, pela sua "qualidade, a sua experiência e eficácia na resolução destas questões, e o relevo que a ONU tem".
"Como crentes pedimos a Deus aquilo que Deus está mais do que disponível para lhe oferecer, que é toda a inspiração no desempenho do cargo", afirmou o prelado, que manifestou também a satisfação de ver um compatriota com funções de "tanto relevo a nível internacional".
O cardeal-patriarca desejou a Guterres, que é católico, "as maiores felicidades" no desempenho do cargo de secretário-geral das Nações Unidas para o qual foi hoje designado pelo Conselho de Segurança por unanimidade e aclamação.
Embaixadora da Boa Vontade destaca experiência de Guterres
Numa mensagem publicada na sua página da rede social Facebook, Catarina Furtado considerou que a recomendação de António Guterres para secretário-geral da ONU, feita hoje por unanimidade e aclamação pelo Conselho de Segurança, "é uma excelente notícia para a diplomacia portuguesa".
"A sua experiência em terreno, a lidar com cenários de guerra, e a sua demanda pela promoção dos direitos humanos faz com que seja um líder consciente dos desafios que o mundo enfrenta e terá condições para continuar o trabalho do seu antecessor - Ban ki-moon -, mantendo um diálogo firme com os decisores políticos e unindo esforços para que a comunidade internacional não feche os olhos às violações de direitos humanos", afirma a embaixadora da Boa Vontade, na mensagem.
Catarina Furtado diz esperar que o trabalho do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA, na sigla em inglês), "espalhado por tantos cantos do mundo, fazendo tudo para que cada trabalho seja seguro, tenha sempre a atenção" do futuro líder da ONU.António Guterres "é a pessoa certa" para o cargo
O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Tranquada Gomes, considerou hoje que António Guterres "é a pessoa certa" para desempenhar o cargo de secretário-geral da ONU.
"É a pessoa certa para, neste mundo atribulado em que vivemos, defender a paz e construir pontes entre povos desavindos", diz o responsável do principal órgão de governo próprio da Madeira numa nota de congratulação hoje divulgada na região.
Tranquada Gomes sublinha que "António Guterres é um homem de grande humanismo, de valores, com grande experiência política internacional e facilitador de consensos".
Também realça que "depois do extraordinário desempenho, durante 10 anos, como Alto Comissário da ONU para os Refugiados, a sua eleição, pelo Conselho de Segurança da ONU para secretário-geral da mesma, sem votos contra, é o reconhecimento internacional das suas qualidades, da sua fé e esperança num mundo melhor, o que muito honra o país e os portugueses".
CIP felicita Guterres e fala em vitória da diplomacia portuguesa
A CIP - Confederação Empresarial de Portugal felicitou António Guterres pela escolha para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas, considerando ainda que a sua indigitação é também uma "vitória da diplomacia".
De acordo com o comunicado da organização que representa o patronato, o Conselho Geral da CIP aprovou hoje "por unanimidade e aclamação" o voto em que parabeniza o antigo primeiro-ministro pelo cargo que irá ocupar.
"Portugal está mais dignificado" com eleição de Guterres
A Associação 25 de Abril congratulou-se com a eleição de António Guterres para secretário-geral da das Nações Unidas, afirmando que Portugal "está mais dignificado" por ver um português escolhido para o mais alto cargo da comunidade internacional.
"Apesar das manobras ínvias de última hora, a dignidade, a lisura e a transparência da proposta do Governo português fez vencimento", refere a associação em comunicado.
Na mesma nota, a Associação 25 de Abril afirma que o país "está mais dignificado" com esta eleição, ressalvando que tal só foi possível porque a revolução de Abril de 1974 fez "regressar Portugal ao convívio de todas as Nações".
"A Associação 25 de Abril congratula-se com a sua eleição para tão elevado cargo, enderençado publicamente as maiores felicitações ao próprio, a quem deseja os maiores sucessos, nos enormes problemas que terá de gerir e nas complicadas decisões que terá de assumir", conclui a nota.
ONGD portuguesas depositam "esperança" no perfil "dialogante" de Guterres
A Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) disse que deposita "enorme esperança" no perfil "dialogante" de António Guterres, hoje recomendado pelo Conselho de Segurança para secretário-geral das Nações Unidas.
António Guterres tem um perfil de homem "dialogante, que estabelece pontes, que consegue realmente pôr pessoas a trabalhar juntas para um fim comum", sublinhou à Lusa o presidente da plataforma, Pedro Krupenski.
A plataforma -- que agrega 65 ONGD portuguesas -- antecipa que a "mais grave crise de refugiados dos últimos tempos será um dos primeiros problemas com que o próximo secretário-geral das Nações Unidas vai ter de lidar".
Para tal, ajudará que António Guterres, cuja confirmação no cargo será feita por uma votação, por maioria simples, dos 193 Estados-membros da Assembleia Geral da ONU, ainda sem data marcada, tenha ocupado o cargo de Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados até ao final de 2015.
A plataforma portuguesa deposita ainda "confiança" nas capacidades do antigo primeiro-ministro português para "impulsionar e encorajar os Estados a envolverem-se ativamente na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável".
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