Vereadores do PCP exigem explicações de Moedas por alegada falta de apoio a vítimas do acidente do Elevador da Glória
Incidente foi abordado em duas reuniões extraordinárias da Câmara de Lisboa, a 8 e 16 de setembro.
Os vereadores comunistas em Lisboa exigiram esta sexta-feira esclarecimentos do presidente da Câmara após uma reportagem ter revelado queixas de familiares e vítimas da queda do Elevador da Glória, ocorrida há um mês, de falta de apoio das autoridades.
Numa nota, os dois vereadores do PCP manifestaram "o seu repúdio pela alegada ausência de apoio por parte da Câmara a vítimas e familiares, o que não só contraria declarações públicas do presidente da câmara, como desrespeita deliberações da Câmara Municipal de Lisboa" (CML).
João Ferreira e Ana Jara indicaram ainda que enviaram um pedido de esclarecimentos a Carlos Moedas por, numa reportagem emitida esta sexta-feira pela RTP, familiares de vítimas mortais e sobreviventes no incidente, ocorrido há precisamente um mês, terem revelado que "nunca foram contactados pela CML nem pela Carris".
No comunicado, o PCP realçou que numa reunião extraordinária de CML, realizada em 08 de setembro, foram aprovadas três propostas que incluíam, "ainda que com formulações diferenciadas, um ponto onde se estabelecia a necessidade de a CML garantir o apoio a todas as vítimas do acidente".
"Em particular, a proposta apresentada pelo PCP, votada por unanimidade, estabelecia, explicitamente, no seu ponto 4 a necessidade de o executivo 'assegurar, em colaboração com as entidades nacionais competentes, o apoio a todas as vítimas e familiares das vítimas mortais, nacionais e estrangeiras, em tudo o que for necessário à sua recuperação'", acrescentaram.
Os vereadores comunistas consideraram ainda que "a confirmação da informação da reportagem traduz uma grosseira violação das deliberações tomadas em reunião de CML por unanimidade do executivo municipal num caso de tão relevante importância e sensibilidade".
Numa ação de campanha para as eleições autárquicas, o presidente e recandidato pela coligação PSD/CD-PP/IL, Carlos Moedas, reforçou que irá "até ao final de todas as consequências" para apurar as responsabilidades pelo acidente com o elevador da Glória.
Questionado sobre queixas de falta de contacto com sobreviventes do acidente e familiares das vítimas, Carlos Moedas assegurou: "Eu contactei todas as famílias das pessoas que, infelizmente, já cá não estão. A minha equipa esteve com todas as pessoas, todas estão a ter o apoio total".
O descarrilamento do elevador da Glória, sob gestão da empresa municipal Carris, ocorreu no dia 03 setembro e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Na sequência do acidente, Carlos Moedas defendeu que "seria uma cobardia" demitir-se, enquanto a candidata Alexandra Leitão (PS/Livre/BE/PAN) defendeu esclarecimentos "com serenidade".
O incidente foi abordado em duas reuniões extraordinárias da Câmara de Lisboa, em 08 e 16 de setembro, e prevê-se agora uma nova discussão em 13 de outubro, dia seguinte às eleições autárquicas, por decisão de Carlos Moedas, "para não partidarizar um tema que deve merecer todos os esclarecimentos técnicos".
Numa nota de esclarecimento à notícia da RTP, a Carris, empresa municipal responsável pelo Elevador da Glória, indicou que tem, "desde o primeiro momento", prestado apoio a todos os pedidos que recebeu "através dos números disponibilizados nos canais oficiais", nomeadamente através do seu Gabinete de Apoio Social, e em estreita articulação com a Câmara Municipal de Lisboa e com a seguradora Fidelidade.
A Carris salientou ainda que "não dispõe de uma lista de contactos das vítimas, a qual está na posse das autoridades", pelo que "incentiva todos os interessados" a contactar a empresa, que mantém disponíveis as linhas de apoio do seu Gabinete de Apoio Social, assim como a linha de apoio da seguradora Fidelidade.
Já na quinta-feira, a transportadora municipal assegurou ter desencadeado medidas de apoio às vítimas do descarrilamento do elevador da Glória e reforçou que está a colaborar com as entidades que investigam o acidente.
Entre as medidas adotadas, a empresa destacou o acompanhamento psicológico e apoio material à família do guarda-freio André Marques e de outros trabalhadores envolvidos.
A seguradora da Carris assegurou também a trasladação e serviços fúnebres de seis vítimas estrangeiras e está a reembolsar as famílias de outras cinco.
No caso das cinco vítimas mortais portuguesas, os processos decorrem ao abrigo da legislação de acidentes de trabalho.
Relativamente aos feridos graves, de várias nacionalidades, foi organizado o repatriamento para hospitais nos respetivos países, com acompanhamento médico e apoio psicológico, enquanto os feridos ligeiros têm mantido contacto com a seguradora para acompanhamento das lesões e identificação de necessidades, informou a Carris.
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