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25 de Novembro: comemorações idênticas às do 25 de Abril reavivam fraturas históricas

Partidos da esquerda, à exceção do PS, não vão estar na parada militar. Única diferença na sessão solene serão rosas brancas em vez de cravos.

25 de novembro de 2025 às 01:30

As comemorações do 25 de Novembro, que se realizam esta terça-feira no Parlamento em moldes iguais aos do 25 de Abril, vêm reavivar fraturas históricas entre esquerda e direita. À exceção do PS, os partidos da esquerda não vão marcar presença na parada militar - com os três ramos das Forças Armadas - na Praça do Comércio, em Lisboa, que também aconteceu nas comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, em 2024.

A esquerda acusa a direita de querer menorizar o 25 de Abril e rejeita equiparar as duas datas, sendo o PCP o único ausente da sessão solene no Parlamento. Em defesa do papel de Mário Soares e do PS no 25 de Novembro, os socialistas, que veem na direita uma vontade de reescrever a história, recusaram integrar a comissão organizadora das comemorações e vão ter o seu próprio programa.

A comissão organizadora, presidida pelo tenente-general Alípio Tomé Pinto, ficou assim composta pela direita e por militares, com a Iniciativa Liberal a substituir o PS. Desde o número de arranjos florais aos pendões e bandeiras na fachada, passando pelo valor orçamental e pela configuração do hemiciclo, a sessão solene será semelhante à dos 50 anos do 25 de Abril.

Com uma única diferença: em vez de cravos vermelhos, o hemiciclo será decorado com rosas brancas. Para a direita, o 25 de Novembro, que no ano passado teve, pela primeira vez, uma sessão solene, merece tamanhas honras por ter sido a data que “confirmou o regime democrático”, nas palavras do ministro Nuno Melo, líder do CDS.

Ao contrário da sessão realizada no ano passado, em que todos os convidados assistiram à sessão a partir das galerias, desta vez os principais convidados institucionais irão sentar-se na meia-lua do hemiciclo, precisamente como acontece nas sessões solenes do 25 de Abril. 

FIM DA REVOLUÇÃO

A efeméride assinala o fim da revolução e o início da normalização da democracia em Portugal, quando uma tentativa de golpe de Estado, levada a cabo por militares ligados à extrema-esquerda, foi travada pelos moderados que se encontravam com o chamado Grupo dos Nove, apoiados por um plano militar liderado por Ramalho Eanes.

"DATA MAIOR"

Marques Mendes defendeu ontem que se deve comemorar o 25 de Novembro, mas sem reescrever a história ou pôr em causa que a “data maior” foi o 25 de Abril de 1974. O candidato presidencial, para quem o 25 de Novembro “devolveu a pureza aos ideais de Abril”, admitiu que existam “alguns radicais mais à direita” a quererem desvalorizar o 25 de Abril. 

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