Deputado avisa Rui Rio que as medidas negociadas para apoio nos Açores têm de ser cumpridas.
André Ventura em entrevista à CMTV: 'Se PSD não cumprir, acordo cai”
O candidato do Chega, André Ventura, quer uma bancada parlamentar com "pessoas de confiança" se o partido se tornar na terceira força política, nas Legislativas. Sobre as conversas com Rui Rio, explica as exigências para que o Governo dos Açores perdure.
CM – O Chega está a ter uma convulsão interna?
André Ventura - Este é um exemplo [páginas do Facebook do Chega a apoiarem Vitorino Silva] de como o crescimento rápido e exponencial do Chega tem gerado tensão interna. O que vimos hoje é vergonhoso: são páginas do partido usadas por dissidentes, já não estando no partido, contra o candidato.
– E por que razão acontecem estas dissidências?
- O crescimento muito rápido levou a que entrasse todo o tipo de pessoas. Temos uma estrutura de um deputado e temos de abarcar um dos maiores partidos em termos de militantes. Não temos os recursos financeiros que outros têm. O meu objetivo para esta legislatura é consolidá-lo como terceira força política....
– Os militantes estão a sair por sua iniciativa?
- Alguns sim, por ofensas. Se a lei não permite insultos, também não posso permitir. Tenho sido duro e rígido nessa questão.
– Impõe a lei da rolha...
- Eu estava a perder gente boa por não quererem estar envolvidos num lamaçal.
– O barómetro da Intercampus aponta o Chega para 3ª força política. Tem coesão para conseguir um grupo parlamentar de que não se envergonhe?
- Não posso permitir que tenhamos um grande grupo de deputados e nesse grupo haver pessoas que não são de confiança ou confiáveis. Quero apresentar uma equipa sólida.
André Ventura: "Se PSD não cumprir, acordo cai”. Veja a entrevista na íntegra
– Quem são os que saem? Neonazis? Evangélicos?
- De tudo. Quem organiza manifestações em frente à SOS Racismo com carapuças não está no partido. Tal como pessoas que defendem que mulheres devem ficar sem ovários. Tem de haver limites ao que o partido pode ser. Não quero um dia que o Chega fique entregue a pessoas que defendem violência ou que os negros não devem ter direitos.
– Porque escolheu os ciganos como alvo?
- Os ciganos têm direitos, mas há um problema que o País não quer ver. É um problema da comunidade. Na minha perspetiva, estamos numa comunidade que, em termos de padrão, se recusa a cumprir regras do Estado de direito, como no caso do casamento com menores.
– O RSI atrai franjas, mas é instrumento de integração...
- O que vemos na comunidade cigana é um abuso da realidade. Todos os comícios que faço têm ciganos à porta e não muito longe é possível ver os Mercedes e BMW. É isto que não vejo como compreensível. Apresentam-nos em reportagens como desempregados e, atrás, vê-se um Mercedes de último modelo. O que se nota na comunidade é que querem viver de subsídios.
– "Deus deu-me esta missão de mudar Portugal." É uma frase sua. Que Portugal quer?
- Sou muito religioso e acredito que o que me aconteceu a mim e ao Chega na história de Portugal, desde o meu percurso de comentador até ao Parlamento, é um milagre. É contra todas as probabilidades que alguém sem meios passe do zero a conseguir um deputado e ter um crescimento que permitiu roubar o governo nos Açores. Foi um sinal de Deus.
– Mas que País quer?
- Chamo-lhe a quarta república, presidencialista.
– E como se faria o controlo das instituições?
- Temos um sistema confuso em que as pessoas pensam que elegem um primeiro-ministro e estão a eleger partidos. Elegemos um Presidente que, supostamente, tem mais legitimidade e, para a maioria das pessoas, é um corta-fitas. O sistema tem-se prestado a isto por ação dos vários Presidentes da República.
– Marcelo é corta-fitas?
- Foi um corta-fitas cúmplice do Governo.
– A única vez que o vi retraído num debate foi quando Marcelo lhe disse que em Belém tem outro tom. Não lhe respondeu...
- Acho que é desagradável. Foi o momento mais baixo de um debate presidencial. Marcelo foi confrontado com o Jamaica [bairro] e com os fogos e a seguir veio dizer isso. Quando vou a Belém sou institucionalista porque estou a falar com o Presidente. Ali estava a debater com o candidato. Marcelo recorreu à idade e à autoridade para dizer ‘você comigo não fala assim’.
– O André trabalhou na AT, como inspetor. Depois trabalhou numa sociedade especialista em fiscal, que se dedica a que os clientes paguem o mínimo possível ao Estado, com offshore. É assim?
- Na verdade não é isso. A sociedade faz outras coisas. As pessoas pensam que o direito fiscal é criar offshore e fugir aos impostos, mas esquecem-se dos pequenos cafés que são ajudados para que paguem menos.
– Ajudou Lalanda e Castro, como diz Ana Gomes?
- Nada mais ridículo. Eu era inspetor da AT e houve um parecer que teve o seu caminho e foi validado pela hierarquia.
– Defende a pena de prisão perpétua. E o que defende para crimes de banqueiros?
- Em alguns casos essa mesma [pena]. Apresentámos uma proposta no Parlamento para dobrar as penas de corrupção, que passavam de oito para 16 anos. Todos os partidos a afastaram.
– O risco é onde o André trava. Por exemplo, na pena de morte...
- Há situações em que concordo, mas nunca tratei a pena de morte no debate político.
- Vamos aos Açores. Fez ou não um acordo com Rui Rio?
- Ficou claro que sim. Nunca divulgaria uma mensagem sem que o PSD não me autorizasse.
- Não falo do PSD. Perguntou se houve contacto direto, líder com líder.
-Tem de ser ele a dizer isso.
- Houve um acordo de incidência nacional?
- A redução de deputados terá de ser feita a nível nacional. Espero que o PSD cumpra a sua palavra.
- Há acordo na área da Justiça...
- Repare, eu defendo a castração química, mas naturalmente que não vou sujeitar o PSD a isso. Mas há um acordo para o aumento de penas contra a corrupção e nos crimes sexuais.
- E em matéria fiscal?
- Não acordámos nada.
- Se o acordo não for cumprido, o Governo dos Açores cai?
- O PSD deu garantias que irá apresentar uma proposta autónoma para reduzir o número de deputados. E o PSD sabe que o meu objetivo é reduzir os deputados na Assembleia da República. Se a proposta não o contemplar ou não houver agravamento de penas nos crimes de pedofilia ou corrupção, o acordo cairá.
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