Grupo, constituído por seis arguidos, está acusado de assaltar vários empresários assumindo ser inspetores da PJ, com coletes, crachás e cartões falsos.
Um dos arguidos do grupo de seis elementos que se fazia passar por inspetores da Polícia Judiciária (PJ) para assaltar empresários da região Norte pediu esta segunda-feira desculpa às vítimas e a esta força de investigação criminal.
"Quero pedir desculpa a todas as vítimas que prejudiquei. Quero também pedir desculpa à instituição Polícia Judiciária, por ter usado o seu bom nome e o seu bom trabalho para cometer factos ilícitos", afirmou o arguido, na primeira sessão do julgamento, que decorre no Tribunal Criminal de Guimarães, distrito de Braga.
O grupo, constituído por seis arguidos, três em prisão preventiva, está acusado de assaltar vários empresários na região Norte, assumindo ser inspetores da PJ, com coletes, crachás e cartões falsos desta força de investigação policial, e munidos de falsos mandados de buscas.
As vítimas, acreditando tratar-se de operações policiais legais, deixavam os arguidos entrarem nas residências para as supostas buscas, durante as quais se apoderaram de dinheiro e bens, nomeadamente joias e relógios, avaliados em mais de 430 mil euros.
O coletivo de juízes separou do processo um dos arguidos, que se encontra em França a aguardar decisão sobre a extradição para Portugal, ficando o julgamento com cinco arguidos.
Perante o tribunal, o arguido confessou que todos os arguidos consumiam estupefacientes e alguns também tinham dependência de jogo, sublinhando que nos assaltos nunca usaram armas nem qualquer tipo de violência física.
Num dos assaltos, em 25 de junho de 2024, o arguido disse que foi o primo de um empresário têxtil de Fafe, distrito de Braga, que teve a ideia de assaltar a casa deste, que, há poucos dias, tinha supostamente arrecadado 300 mil euros sem fatura, e que, por isso, "estava carregado" de dinheiro".
O arguido referiu que o primo da vítima entregou-lhes um falso mandado de busca, numa folha A4, uns cartões "muito rudimentares" a dizer PJ, com o nome em baixo, e a morada.
"Fomos para Fafe. Íamos agir como PJ, mas sem armas. Tudo rudimentar, arcaico. Por volta das 07:30, tocámos à campainha e uma senhora abriu a porta. Estava completamente sob o efeito de drogas para ter coragem para fazer aquilo. Disse: somos da polícia e temos um mandado de busca para efetuar buscas por denúncia anónima por fraude fiscal", relatou o arguido ao tribunal.
Na casa, os arguidos apoderaram-se de telemóveis, de artigos em ouro e joias, enquanto na fábrica, para onde se deslocaram a seguir, foi-lhes entregue perto de oito mil euros.
Os arguidos pediram também para realizar buscas ao automóvel de gama alta, tendo a vítima questionando como é que sabiam que ele tinha um Jaguar.
"Sabe que nós fazemos a nossa investigação", respondeu um dos arguidos.
Outro dos episódios ocorreu também em julho de 2024, em Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, quando os arguidos foram "em busca de 1,3 milhões de euros", informação que lhes havia sido passada por um antigo funcionário de um empresário ligado ao setor da construção.
Neste assalto, já usaram "cartões mais condizentes" com a PJ, usaram coletes azuis como os da PJ, "que também tem coletes pretos", e o mandado de busca por fraude fiscal.
"Andámos perdidos cerca de uma hora. Paramos num café, perguntamos e fomos ter ao sítio certo. Quem abriu a porta foi a funcionária e disse que o patrão estava de férias há duas semanas no Brasil. Não encontrámos nada. Trouxe um isqueiro 'Dupont', mas enganou-me. Era 'made in China'", afirmou o arguido que, mais à frente no depoimento, admitiu que trouxeram cerca de oito mil euros que estavam no escritório.
A juíza presidente questionou como é que sabia que a PJ também tem coletes pretos. "Fiquei a saber quando foram a minha casa [aquando da detenção]", respondeu o arguido.
Foi também questionado pela juíza a razão pela qual nos mandados de busca estava apenas o crime de fraude fiscal. "Fomos à Internet e colocamos: crime para dinheiro ilegal, e apareceu fraude fiscal", justificou o arguido.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.