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Herdeiros de piloto pagam por acidente aéreo mortal em Évora

Avião bimotor colidiu com um prédio em Évora, despenhou-se e incendiou-se. Acidente causou a morte ao piloto e um a instrutor de paraquedismo. O caso anda nos tribunais desde então.

15 de setembro de 2025 às 01:30

Os herdeiros de Eddy Resende, proprietário da escola de paraquedismo Skydive - que pilotava um avião bimotor que se despenhou, a 14 de agosto de 2009, em Évora, causando a sua morte e a de um instrutor de paraquedismo - vão ter de pagar uma indemnização de 135 mil euros aos pais do instrutor João Silva. A decisão é do Tribunal da Relação de Évora, que agora entendeu aumentar o valor da indemnização que tinha sido decidida pelo tribunal de Évora, em maio do ano passado, de 108 mil para 135 mil.

No dia do acidente, a aeronave Beechcraft BE-99 descolou na pista 1 às 18h47, do Aeródromo Municipal de Évora. Pretendia alcançar a altitude de 13 000 pés (4000 m), altitude para largar os 12 paraquedistas que levava a bordo. Quando estava a 3200 metros, o motor esquerdo parou. O piloto parou a subida e informou os passageiros que tinha um motor parado e deu indicação para que todos abandonassem o avião. João Silva ficou a bordo com o piloto. Quando a aeronave se aproximou do Bairro Almeirim, pouco depois das 19h00, o piloto fez uma manobra para a esquerda e o avião ficou com as rodas para o ar, colidindo com um prédio de habitação. A aeronave despenhou-se e incendiou-se, causando a morte aos dois ocupantes.

O caso tem andado pelos tribunais desde então. O processo-crime foi arquivado logo em 2011, mas o cível continuou, com a primeira ação a entrar em tribunal em 2014.

Não tinha licença para voar em Portugal

O relatório do então Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA), conhecido em 2011, confirma que o piloto não tinha licença de voo e que a empresa não possuía Certificado de Operador Aeronáutico nem se encontrava registada na Autoridade Portuguesa para a Aviação. O bimotor, que havia sido adquirido dias antes em França, não tinha também registos da manutenção. Eddy Resende possuía uma licença de Piloto Particular de Aviões obtida mas nos EUA, documento que só lhe era permitido pilotar aviões monomotores de matrícula norte-americana.

2009 foi trágico com 6 mortes no Alentejo

Eddy Resende e João Silva foram as primeiras vítimas de acidentes aéreos no Alentejo em 2009, um ano negro para a aviação com seis mortes em apenas dois meses. Dois dias depois da tragédia de Évora, Posser de Andrade, 79 anos, morreu na queda do avião que pilotava após embater com uma asa num sobreiro quando acenava à família em Palma, Alcácer dos Sal. Na noite de 15 de setembro, em Sete, Castro Verde, a queda de um bimotor matou um instrutor espanhol de 25 anos e dois alunos holandeses, de 18 e 20 anos. A aeronave ultrapassou os limites de carga e desintegrou-se em pleno voo.

Piloto sem formação

O Tribunal da Relação de Évora refere que o piloto não estava habilitado a pilotar a aeronave e que não tinha formação, nem 50 horas de treino de voo naquela classe de aeronave, nem conhecimento para aterrar com um motor inoperativo.

João era diretor de hotel

Eddy Resende tinha cerca de 40 anos. Era natural da Venezuela e tinha família em Oliveira de Azeméis . Tirou o brevet de piloto na Austrália. João Silva, 30 anos, era diretor de um hotel em Lisboa.

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