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As 14 candidaturas às eleições regionais antecipadas da Madeira

Eleições legislativas regionais estão marcadas para 23 de março.

07 de março de 2025 às 08:20

Catorze candidaturas, correspondendo a 12 partidos únicos e duas coligações, apresentam-se a votos nas eleições legislativas antecipadas da Madeira, marcadas para 23 de março.

Eis uma síntese do percurso das forças políticas concorrentes, seguindo a ordem do boletim de voto:

CDU (PCP/PEV)

O regresso de representantes da CDU -- Coligação Democrática Unitária (composta pelo Partido Comunista Português e pelo partido ecologista Os Verdes) ao parlamento da Madeira é o principal objetivo da candidatura.

O coordenador do PCP/Madeira, Edgar Silva, volta a ser o cabeça de lista da coligação, que nas legislativas antecipadas de maio do ano passado falhou a eleição de deputados.

Político experiente, o ex-padre também já foi candidato à Presidência da República e encabeçou as listas da CDU em todas as eleições regionais desde 1996.

Foi nesse ano que a CDU elegeu pela primeira vez um grupo parlamentar com dois deputados, mantendo a representação na Assembleia Legislativa da Madeira até às regionais de 2011, quando passou a ocupar um só lugar no hemiciclo.

Quatro anos depois, em 2015, conseguiu novamente eleger dois deputados, mas em 2019 voltou a perder um dos lugares.

Em 2023, a CDU conseguiu manter o mandato, mas meses mais tarde, nas eleições antecipadas de maio de 2024 ficou de fora do parlamento regional.

Para as eleições de dia 23, a candidatura da CDU aposta no regresso ao hemiciclo para "dignificar a atividade parlamentar".

PSD

O Partido Social Democrata (PSD), que detém o Governo Regional da Madeira há quase 49 anos, foi derrubado pela primeira vez com base na aprovação de uma moção de censura no final de 2024, levando à convocação das eleições antecipadas marcadas para dia 23.

Durante quase quatro décadas, liderado por Alberto João Jardim, o PSD somou sucessivas vitórias nas diferentes eleições com maiorias absolutas.

Em 2015, Miguel Albuquerque sucedeu a Jardim na liderança do partido e no primeiro mandato conseguiu manter esse histórico, interrompido nas legislativas regionais seguintes, em 2019.

Nessa altura, para assegurar o cenário de maioria absoluta, Miguel Albuquerque celebrou um acordo com o CDS-PP, que incluiu a cedência de duas pastas no executivo madeirense aos centristas e o cargo de presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.

O acordo repetiu-se nas eleições seguintes, em 2023, mas a coligação entretanto constituída, apesar de ter sido a força mais votada, elegendo 23 deputados, não assegurou a maioria absoluta (24 deputados). Para contornar a situação, Miguel Albuquerque celebrou um acordo de incidência parlamentar com a deputada única do PAN, Mónica Freitas.

Nas regionais antecipadas de maio de 2024, o PSD voltou a ir às urnas sozinho e elegeu 19 parlamentares. O acordo parlamentar que fez depois com o CDS-PP, que elegeu dois deputados, foi ainda assim insuficiente para assegurar uma maioria parlamentar.

As eleições de 23 de março acontecem dez meses depois das últimas regionais antecipadas.

Miguel Albuquerque já declarou que vai para as eleições de 23 de março "confiante que os madeirenses vão reconhecer que não podem continuar a viver nesta instabilidade política" e que vai alcançar uma vitória.

Livre

O Livre fez a sua estreia em eleições na Madeira em setembro de 2023, continuando agora a apresentar como cabeça de lista Marta Sofia Silva com o objetivo de "trazer uma nova perspetiva" para a região.

A candidata, que também encabeçou a lista do partido nas antecipadas de maio de 2024, assume que o Livre é um partido de esquerda e de "convergências" e diz estar disponível para coligações que possam contribuir para uma mudança que afaste o PSD da governação.

JPP

O Juntos Pelo Povo (JPP) tem a sua génese um movimento de cidadãos que surgiu no concelho de Santa Cruz e logo na estreia em regionais, em 2015, elegeu cinco deputados. Dez anos depois assegura "estar pronto para governar".

Nas eleições de 2019, o grupo parlamentar do JPP ficou reduzido a três elementos, mas passados quatro anos, nas regionais de 2023, recuperou os dois lugares perdidos, voltando a ter uma bancada com cinco deputados.

Nas regionais antecipadas de maio de 2024, o JPP reforçou a votação e obteve o seu melhor resultado, assegurando nove lugares, num universo de 47 no hemiciclo do parlamento madeirense, e tornando-se na terceira força partidária mais votada, depois de PSD (19 deputados) e PS (11 deputados).

O JPP governa o concelho de Santa Cruz desde 2013, depois de ter afastado o PSD, que detinha a liderança autárquica deste município contíguo a leste do Funchal desde 1976.

Nova Direita

A Nova Direita faz a sua estreia nas eleições legislativas antecipadas da Madeira de dia 23 com o objetivo de ajudar a população da região a "sair do buraco" onde diversos partidos a "encaixaram".

A Nova Direita, o mais recente partido registado no Tribunal Constitucional, em janeiro de 2024, é liderada a nível nacional por Ossanda Líber e tem como coordenador regional na Madeira Paulo Azevedo.

A eleição de um deputado para a Assembleia Legislativa da Madeira é o principal objetivo do partido no sufrágio regional, apresentando-se como "uma alternativa à política atual" no arquipélago e uma "nova direita [de] que a região precisa".

PAN

O Pessoas-Animais-Natureza (PAN) tem assumido um papel determinante na política regional desde que regressou à Assembleia da Madeira nas regionais de 2023, altura em que celebrou um acordo parlamentar para assegurar a maioria absoluta da coligação PSD/CDS-PP.

Seis meses depois do acordo, a deputada única do PAN, Mónica Freitas, retirou a confiança política ao presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, constituído arguido numa investigação sobre corrupção e que acabou por se demitir do cargo.

Nas eleições antecipadas realizadas na sequência da crise política aberta com a demissão de Miguel Albuquerque, em maio de 2024, o PAN voltou a eleger Mónica Freitas.

O partido já tinha ocupado um lugar no parlamento da Madeira na primeira vez em que concorreu, em 2011.

Agora, o PAN volta a apresentar como cabeça de lista Mónica Freitas, que está focada em representar causas que "muitas vezes são esquecidas na agenda política", nomeadamente a animal e ambiental.

Coligação Força Madeira

A coligação Força Madeira, composta pelo Partido Trabalhista Português (PTP), Movimento Partido da Terra (MPT) e Reagir, Incluir e Reciclar (R.I.R) concorre pela primeira vez numas eleições legislativas regionais, numa lista encabeçada pela líder trabalhista Raquel Coelho.

Destes partidos, o PTP, que ficou conhecido pelo controverso deputado José Manuel Coelho, é o que tem mais experiência parlamentar - já teve três deputados na Assembleia Legislativa da Madeira, eleitos nas regionais de 2011 -, mas está afastado do hemiciclo desde 2019.

O MPT também já esteve representado no parlamento da Madeira entre 2007 e 2015, com um deputado, enquanto o RIR nunca conseguiu assegurar qualquer representação.

Nas regionais de 2015, o PTP e o MPT integraram a coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT), que se desintegrou após o sufrágio, mas os dois partidos asseguraram um representante cada um.

A líder do PTP, filha de José Manuel Coelho, é a cabeça de lista, seguindo-se os responsáveis do MPT, Válter Rodrigues, e do RIR, Liliana Reis, numa candidatura que pretende eleger um deputado e derrubar o Governo Regional que considera ser "corrupto".

PS

O Partido Socialista (PS), o maior partido da oposição na Região Autónoma da Madeira, tem lutado para derrubar, sem sucesso, a governação do PSD e no atual cenário de instabilidade politica insiste ser a única alternativa.

O líder regional do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, volta a encabeçar a lista socialista.

Foi também sob a liderança de Paulo Cafôfo que o PS conseguiu o seu melhor resultado em regionais, em 2019, ao eleger 19 deputados num universo de 47 mandatos na Assembleia Legislativa da região, obtendo 51.207 votos (36,59%,).

O partido já tinha conseguido ocupar 19 lugares nas eleições de 2004, numa altura em que parlamento era constituído por 68 deputados.

Nas eleições em 2023, quando o PS apresentou como cabeça de lista Sérgio Gonçalves, o grupo parlamentar socialista ficou reduzido a 11 representantes, número que manteve nas antecipadas de 26 de maio de 2024, numa lista que voltou a ser encabeçada por Paulo Cafôfo.

A candidatura apela à "coragem" dos madeirenses e dos partidos na Madeira para mudar, trazer estabilidade política e "fazer a diferença", manifestando a necessidade de entendimentos para dar a "lufada de ar fresco" que a política regional precisa depois de 48 anos de governação do PSD.

IL

A Iniciativa Liberal (IL), que tem um deputado na Assembleia Legislativa da Madeira desde as eleições regionais de 2023, quer aumentar a representação parlamentar e está disponível para viabilizar uma alternativa ao Governo social-democrata de Miguel Albuquerque.

A lista da IL será encabeçada pelo novo coordenador do núcleo regional da IL, o advogado Gonçalo Maia Camelo, que substituiu o deputado único Nuno Morna. Nuno Morna, que foi reeleito deputado nas antecipadas de 26 de maio do ano passado, não integra a lista de candidatos da IL.

A IL assegura que não vai viabilizar um executivo liderado por Miguel Albuquerque, mas apoiará "qualquer outro governo que mereça a confiança dos madeirenses, seja de direita ou de esquerda, e que obtenha a maioria dos assentos na Assembleia Regional".

PPM

O Partido Popular Monárquico (PPM) concorre pela primeira vez com uma lista própria numas regionais na Madeira, pretendendo "constituir um grupo parlamentar" e combater o "caos político" na região.

A lista do PPM é encabeçada pelo coordenador regional do partido na Madeira, Paulo Brito.

Em 2015, o PPM concorreu nas regionais integrando o projeto denominado Plataforma de Cidadãos, em conjunto com o Partido Democrático do Atlântico (PDA) que obteve 903 votos (0,71%), num universo de 127.539 votantes, sem conseguir eleger qualquer deputado.

A candidatura diz que o partido "faz falta" no parlamento madeirense e quer eleger um representante para "ser o adulto na sala".

BE

O Bloco de Esquerda (BE), que chegou a eleger dois deputados na Assembleia da Madeira nas regionais de 2015, quer voltar ao parlamento para lutar contra o que considera ser os "tubarões" do regime do PSD com 48 anos.

A estreia do BE na Assembleia Legislativa da Madeira aconteceu nas eleições de 2004, quando o partido conseguiu eleger um deputado, que manteve nas eleições seguintes, mas perdeu depois em 2011.

Quatro anos mais tarde, em 2015, os bloquistas voltaram ao parlamento regional com dois mandatos, mas em 2019 perdem uma vez mais a representação parlamentar.

Em setembro de 2023, regressam novamente ao hemiciclo, com a eleição de Roberto Almada, que fica, contudo apenas seis meses no parlamento regional, perdendo o mandato nas regionais antecipadas de maio de 2024.

O BE surge na vida politica como "herdeira da UDP", uma força partidária que, na legislatura de 1988, teve três deputados na Assembleia da Madeira.

Chega

O Chega, que apresentou uma moção de censura ao Governo da Madeira cuja aprovação provocou pela primeira vez a queda do executivo regional na história da autonomia, considera que esta "coragem" será "premiada" pelo eleitorado madeirense.

Na estreia em eleições regionais na Madeira, em 2019, o Chega falhou a meta de entrar no parlamento insular. Quatro anos depois, em 2023, conseguiu eleger quatro deputados.

Oito meses mais tarde, nas regionais antecipadas de maio de 2024, manteve a representação, sendo o quarto partido mais votado, depois de PSD (19 deputados), PS (11) e JPP (nove).

O rosto do Chega na Madeira é o seu líder regional, Miguel Castro, que volta a ser cabeça de lista no sufrágio de dia 23.

O Chega faz da luta contra a corrupção e da necessidade de "um governo transparente" as suas prioridades.

ADN

O Alternativa Democrática Nacional (ADN), ex-PDR (Partido Democrático Republicano), concorre pela terceira vez numas eleições regionais na Madeira e tem como meta eleger uma representação na Assembleia Legislativa para "fazer o que ainda não foi feito".

O rosto do ADN na Madeira é Miguel Pita, que volta a encabeçar a candidatura, admitindo que os resultados eleitorais nos sufrágios anteriores "ficaram aquém das expectativas".

CDS-PP

O CDS -- Partido Popular, que foi parceiro de coligação do PSD no Governo da Madeira, concorre, tal como nas antecipadas de maio de 2024, com listas próprias e diz estar disposto a "falar com todos" para assegurar a estabilidade e governabilidade na região autónoma.

Os democratas-cristãos tiveram quase sempre representantes na Assembleia da Madeira e apenas falharam a eleição de deputados nas primeiras regionais, em 1975.

Em 2011, o CDS-PP obteve o seu melhor resultado em eleições regionais, com 25.975 votos (17,63%), o que lhe garantiu um grupo parlamentar com nove deputados.

Nas regionais de 2023, os democratas-cristãos foram a votos coligados com o PSD e conseguiram assegurar três mandatos.

Contudo, nas eleições antecipadas do ano passado os dois partidos voltaram a separar-se, com o CDS-PP a perder um parlamentar. Sociais-democratas e democratas-cristãos celebraram depois das eleições um acordo parlamentar, embora insuficiente para assegurar maioria na Assembleia Legislativa.

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