Presidente da Assembleia da presidiu à sessão de abertura do colóquio "Amílcar Cabral e a História do Futuro".
O presidente da Assembleia da República destacou esta sexta-feira a atualidade do pensamento de Amílcar Cabral, líder histórico da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, que classificou como "uma das grandes figuras do século XX" e com "uma identidade múltipla".
Augusto Santos Silva presidiu à sessão de abertura do colóquio "Amílcar Cabral e a História do Futuro", que decorre entre esta sexta-feira e sábado, na Assembleia da República.
"Sobretudo nos dias de hoje, Cabral é quase uma encarnação perfeita daquela identidade múltipla que [o escritor] Amin Maalouf diz que é o grande antídoto contra identidades assassinas", afirmou, lembrando que Amílcar Cabral é guineense, filho de pais cabo-verdianos e se formou depois em Lisboa.
O presidente do parlamento considerou que Amílcar Cabral encarnou "de forma produtiva" estas várias referências culturais e civilizacionais, recordando que considerou que o "crime principal do colonialismo foi negar a condição de sujeito da história" aos países colonizados e que defendeu que o desenvolvimento da identidade cultural africana se faria "fazendo-a parte da cultura universal, e não fechando-a".
"Em tempos tão polarizados, em que as chamadas lutas identitárias muitas vezes nos deixam desprotegidos porque nos propõem fronteiras ou trincheiras em vez de nos proporem encontros, eu creio que a leitura de Cabral é cada vez mais atual e benéfica para todos", defendeu.
O presidente da Assembleia da República começou por recordar Amílcar Cabral como "um dos grandes líderes africanos do século XX" e uma das "grandes figuras do século XX em todo o mundo".
Na sua breve intervenção, Santos Silva quis partir para o pensamento de Amílcar Cabral a partir de duas frases do próprio: "Uma diz que a libertação é um ato de cultura e a outra que a libertação é um fator de cultura".
"A cultura era a síntese expressiva de um povo, um povo em trânsito para uma nação (...) Era impossível qualquer ato de colonização que não despertasse uma resistência que era, em primeiro lugar, uma resistência cultural e identitária", disse.
Ainda assim, considerou, Amílcar Cabral defendia que "se o processo de libertação era uma afirmação da identidade cultural, não podia passar pela negação da identidade cultural dos outros, mesmo que os outros fossem os colonizadores".
Por outro lado, segundo Santos Silva, ao considerar que o processo de libertação não era apenas "um ato de cultura, mas um fator de cultura", Amílcar Cabral considerava que para que a luta da libertação fosse vitoriosa "tinha de ser demarcada de qualquer forma de patriarcalismo, racismo ou tribalismo".
"Considerava que a luta de libertação devia ser ela própria um processo de mudança cultural, através de mudanças académicas, de alfabetização maciça", exemplificou.
Em dezembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, atribuiu a Ordem da Liberdade a Amílcar Cabral, na cerimónia de outorga do grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Mindelo, que antecedeu os 50 anos da morte de Amílcar Cabral (2023) e o centenário do seu nascimento (2024).
Fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Cabo Verde deu lugar ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), e líder dos movimentos independentistas nos dois países, Amílcar Cabral nasceu em 12 de setembro de 1924 e foi assassinado em 20 de janeiro de 1973, em Conacri, aos 49 anos.
Filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora, o líder histórico nasceu na Guiné-Bissau e partiu com oito anos, acompanhando a sua família, para Cabo Verde, onde viveu parte da infância e adolescência, antes de se licenciar em Agronomia, em Portugal, em 1950.
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