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Desde o “pântano” de Guterres que os Governos não duravam tão pouco

Demissão do antigo líder do PS criou ciclo de Executivos que duraram menos de dois anos.

11 de março de 2025 às 01:30

A confirmar-se, esta terça-feira, a queda do Governo liderado por Luís Montenegro, o País volta a um ciclo de Executivos curtos como não acontecia desde 2001, aquando da demissão do então primeiro-ministro, António Guterres, justificada de forma a evitar a entrada num “pântano político”.

Na altura, a saída do antigo primeiro-ministro do PS abriu caminho para uma fase de governações curtas. Esse Exe- cutivo, o segundo de Guterres, durou quase 900 dias, menos de três anos, seguido da governação de Durão Barroso (PSD), que durou quase o mesmo tempo, até ao líder social-democrata sair para presidir a Comissão Europeia.

Veio depois Santana Lopes, que ficou no cargo apenas 238 dias, sendo demitido pelo Presidente da República Jorge Sampaio, e derrotado nas eleições para o PS de José Sócrates. Em média, os Governos entre 2001 e 2005 duraram menos de dois anos (655 dias).

O atual ciclo de instabilidade começou em 2021, quando o segundo Governo do PS de António Costa caiu depois do chumbo do Orçamento do Estado para 2022. Durou pouco mais de dois anos (886 dias). Seguiu-se um novo Executivo de Costa, agora com maioria absoluta, que ainda assim caiu antes de tempo, apenas dois anos depois de tomar posse, devido à ‘Opera- ção Influencer’, que mencionou o então primeiro-ministro.

Se o Governo de Luís Montenegro cair após a moção de confiança ser rejeitada, terá durado pouco mais de um ano de mandato. Em média, cada governação durou 686 dias desde 2019, menos de dois anos.

A liderança de Montenegro será ainda a mais curta desde o governo-relâmpago de Passos Coelho, em 2015, que apenas durou 27 dias.

Estes ciclos de instabilidade foram quebrados com Governos de maioria parlamentar, casos de José Sócrates (2005) ou Cavaco Silva (1987). Este último pôs fim a uma série de Executivos que caíram antes de terminarem o mandato.

Primeira década de democracia foi líder em Governos curtos

O período mais instável da política nacional aconteceu na primeira década após o 25 de Abril, com Governos que não duraram, em média, mais de 402 dias, pouco mais de um ano cada. Foram dez Executivos em cerca de 11 anos, que caíram por vários motivos, desde moções de confiança rejeitadas, quebras de coligações ou a morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro. O ciclo terminou após a primeira maioria absoluta de Cavaco Silva, em 1987.

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