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Esquerda acusa governo português de desinteresse por detidos na flotilha

Partidos destacaram que Portugal não pode ser cúmplice da Guerra em Gaza, num protesto pela Palestina, em Lisboa.

02 de outubro de 2025 às 22:34

Alguns partidos de esquerda acusaram esta quinta-feira o governo português de não mostrar interesse pelos detidos nas embarcações da Global Sumud Flotilla e destacaram que Portugal não pode ser cúmplice da Guerra em Gaza, num protesto pela Palestina, em Lisboa.

"[Outros países] chamaram embaixadores de Israel dos seus países a consultas, exigindo a libertação dos nacionais desses países que foram presos ilegalmente e o governo português nada", disse o dirigente do Bloco de Esquerda (BE) Jorge Costa, no protesto com mais de 1.000 pessoas.

O dirigente indicou que o governo português teve uma "atitude displicente", ou seja, um comportamento marcado pela falta de cuidado, atenção ou interesse pelos detidos portugueses na flotilha.

O movimento de solidariedade com a Palestina convocou um protesto contra o ataque israelita, na quarta-feira, à Global Sumud Flotilla, uma frota composta por pequenas embarcações que transporta medicamentos e alimentos para entregar na Faixa de Gaza (região onde Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária).

A candidata presidencial e antiga líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins também esteve presente no protesto e disse que "Israel pode ter travado a flotilha, mas não travou o mar de gente que está aqui hoje".

A deputada do Partido Comunista Português (PCP) Paula Santos disse à Lusa que o governo português deve "condenar o genocídio em Gaza" e que "não pode ser cúmplice" da guerra na Palestina.

Paula Santos disse ainda que governo tem de fazer tudo o que está ao seu alcance pelos detidos na flotilha.

"[O governo] tem que fazer tudo o que está ao seu alcance naturalmente para proteger os cidadãos portugueses e para exigir a sua imediata libertação", indicou a deputada.

No protesto, organizado pelo movimento de solidariedade com a Palestina, que começou às 18:00, estão presentes adultos, jovens e crianças com a bandeira da Palestina, com o lenço simbólico palestiniano Keffiyeh e cartazes que exigem a "liberdade para a flotilha", " Sanções para Israel" e o " Fim do Cerco na Palestina", em frente à Embaixada de Israel.

Organizações que defendem a Palestina também estiveram presentes na manifestação, como por exemplo, o movimento Occupy for Gaza e o Comité de Solidariedade com a Palestina, organização também conhecida por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Durante a manifestação, que acabou por volta das 20:30, foram feitos discursos, ouviram-se tambores e gritos como "a Palestina vencerá".

O movimento de solidariedade com a Palestina organizou mais protestos esta quinta-feira, do norte ao sul do país, que começaram entre as 18:00 e as 19:00.

As ações decorreram em Aveiro, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Porto, Setúbal e Viseu.

As forças israelitas intercetaram entre a noite de quarta-feira e a manhã de esta quinta-feira a Flotilha Global Sumud, com cerca de 50 embarcações, que se dirigia à Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária, detendo os participantes, incluindo quatro cidadãos portugueses: a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, a atriz Sofia Aparício e os ativistas Miguel Duarte e Diogo Chaves.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse esta quinta-feira esperar que os cidadãos portugueses possam regressar ao país "sem nenhum incidente", considerando que a mensagem da flotilha humanitária foi transmitida.

Também foram detidos 30 espanhóis, 22 italianos, 21 turcos, 12 malaios, 11 tunisinos, 11 brasileiros e 10 franceses, bem como cidadãos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, México e Colômbia, entre muitos outros - os organizadores denunciaram a falta de informação sobre o paradeiro de 443 participantes da missão humanitária.

A guerra no Médio Oriente foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel.

A retaliação de Israel já provocou mais de 65.000 mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e um desastre humanitário sem precedentes na região.

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