Fundador bloquista mostra-se muito critico deste primeiro ano de maioria absoluta do Governo do PS.
O antigo coordenador do BE Francisco Louçã defende que, "depois de um ano como este, um Governo como este não governa até 2026", considerando que houve pessoas que "foram enganadas" com a promessa da estabilidade da maioria absoluta.
Em entrevista à agência Lusa a cerca de dois meses da XIII Convenção Nacional do BE, o fundador bloquista mostra-se muito critico deste primeiro ano de maioria absoluta do Governo do PS e diz não estar certo de que esta legislatura chegue ao fim.
A conjugação de dois efeitos é o que está na base desta análise de Louçã, o primeiro dos quais "as contradições internas de um Governo de maioria absoluta que está mais dividido do que quando tinha maioria relativa" e também a "pressão social que tem crescido e que se tem concentrado sobre os problemas que mais dizem respeito às pessoas".
"Depois de um ano como este, um Governo como este não governa até 2026", antecipa.
Para o antigo líder do BE, "se o Governo não chegar ao fim é pela sua própria obra e mérito, ou seja, por se dividir, por desistir, por se desagregar".
"António Costa pode declarar que o Governo não está cansado, teria que o fazer por dever de ofício, mas basta olhar para a maior parte dos ministros e para a maior parte das suas declarações e perceber que são biombos na sala, que são respostas de circunstância ocasionais, sem estratégia, sem política, que quando têm vontade - e alguns ministros têm vontade - não têm recursos porque há uma microgestão por parte do Ministério das Finanças", critica.
Segundo Louçã, "houve pessoas que foram enganadas" nas últimas eleições legislativas porque "lhes prometeram uma estabilidade da maioria absoluta, que seria uma alternativa à direita".
"A maioria absoluta foi simultaneamente totalmente instável, como não podia deixar de ser, porque o poder absoluto corrói por arrogância, como se demonstrou sucessivamente na escolha de uma parte do Governo", lamenta, apontando ainda como consequência desta maioria absoluta a capacidade de "reverter políticas sociais que eram dadas como necessárias e ainda em falta".
Além da degradação dos salários, a expressão "mais dolorosa desse orgulho do abuso" é, segundo o bloquista, a questão dos aumentos das pensões que não responde à inflação. Ilustrando situações deste género, Louçã considerou que "procurar ganhar simpatia através da ilusão ou da falsificação se tornou uma indústria política".
"Creio que, desse ponto de vista, o deslumbramento de um poder de maioria absoluta e o atrevimento da demagogia política só se têm vindo a agravar", afirma.
Para o antigo líder bloquista, a "alegria que António Costa teve ao ter a maioria absoluta foi a certeza de que poderia fazer tudo o que queria", ou seja, "não negociar ou não ter que se submeter ao escrutínio de uma opinião pública e de uma convergência com partidos que pensam de uma forma diferente para soluções em questões que se tornavam decisivas".
Na opinião de Louçã, "o Estado naufraga no mercado e desiste do bem público", enquanto "o Governo desiste de ter estratégias que possam responder às pessoas dentro da ideia de que se Portugal for um grande negócio de muitos negócios, na Arca de Noé vão caber alguns animais".
"E, portanto, os animais que couberem na Arca de Noé, salvam-se e é assim que funciona bem uma economia segundo esta política", ironiza, considerando que isto é "um desastre" porque não pode haver democracia sem "direito a uma vida boa".
O rol das críticas do fundador do BE aterra também na decisão de privatizar a TAP pelo Governo que chegou a comparar a companhia aérea às "caravelas do século XVI para a expansão económica e imperial", considerando tratar-se de "uma estratégia e de uma vontade" que nunca poderia acontecer se o Governo não tivesse maioria absoluta, "a não ser que fizesse, evidentemente, um acordo com a direita".
"Como é que pode haver uma democracia em que as pessoas não tenham a certeza de que aquilo que pagam em impostos corresponde aos cuidados que obtêm para os outros e para si próprios, em que se pode ter uma vida tranquila, em que se pode ter a segurança do emprego, da saúde, das condições de vida. É talvez aí que estão os maiores debates culturais do século XXI, é aí que está o maior confronto entre a esquerda e as direitas do século XXI", antecipa.
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