Durante a campanha, sob o lema "ouvir e dar voz às pessoas", Carneiro focou-se em "repensar o PS e a sua relação com o país".
À segunda tentativa, o deputado José Luís Carneiro chega à liderança do PS e, numa das fases mais difíceis do partido, torna-se o décimo secretário-geral, um socialista apontado à ala moderada e focado em entendimentos.
"(...) José Luís Carneiro é hoje um quadro especialmente qualificado do PS e, ao mesmo tempo, um militante sempre presente e considerado. Por mim, espero muito dele. É um excelente quadro, que sabe bem o que quer e o que faz e, como tal, é reconhecido pelos seus camaradas e mesmo pelos seus adversários conscientes".
As palavras são de Mário Soares que, em março de 2012 prefaciou um livro de José Luís Carneiro sobre "Práticas Políticas de Desenvolvimento", numa altura em que presidia a Câmara de Baião, cargo que ocupou na sua terra natal entre 2005 e 2015, depois de ter sido vereador.
À Lusa, o novo líder do PS aponta como principais referências precisamente Mário Soares, que assume que conheceu tarde, o antigo chanceler alemão Willy Brandt e o antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors.
De quem o antecedeu na liderança dos destinos do PS desde o Largo do Rato, José Luís Carneiro destaca ainda o humanismo de António Guterres, a visão e o pragmatismo do José Sócrates, a humildade de António José Seguro e também a inteligência e densidade de António Costa.
Menos de dois anos depois de ter perdido a disputa interna para Pedro Nuno Santos nas eleições diretas de dezembro de 2023 - originadas pela demissão de Costa na sequência da Operação Influencer - José Luís Carneiro apresentou-se agora de novo na corrida ao cargo de secretário-geral do PS, uma eleição ganha à partida uma vez que foi candidato único.
Aos 53 anos, torna-se o décimo secretário-geral do PS e herda o partido num dos seus momentos mais difíceis, depois da derrocada eleitoral nas legislativas de 18 de março, que ditou a demissão de Pedro Nuno Santos, e deixou o partido reduzido a 58 deputados e terceira força parlamentar.
Nessas eleições, e depois de um polémico processo interno na federação de Braga, José Luís Carneiro voltou a ser cabeça de lista por aquele distrito e teve ao seu lado, em diferentes momentos da campanha, Pedro Nuno Santos, que apelidou de "porta-estandarte" de valores éticos num comício em Braga.
Apontado à ala moderada ou centro do PS e usando com frequência a palavra entendimento, o ex-ministro fez estes quase dois anos de oposição interna a Pedro Nuno Santos sem grandes expressões públicas de desacordo, com a exceção da posição sobre a manifestação de interesse no tema da imigração ou a anunciada comissão de inquérito a Luís Montenegro.
Durante a campanha para estas diretas, sob o lema "ouvir e dar voz às pessoas", Carneiro focou-se em "repensar o PS e a sua relação com o país" e defendeu "consensos democráticos" em cinco áreas de soberania, incluindo "uma reforma eleitoral a começar pelas autarquias".
O foco do novo líder do PS são as autárquicas e quer deixar a decisão sobre as presidenciais para depois disso, um aviso que deixou a António José Seguro, sem nunca citar o seu nome, na apresentação da sua candidatura.
O novo líder socialista vê o PS como o "grande esteio dos valores de Abril", partido no qual passou a militar em 1997, quando o secretário-geral era António Guterres.
Apesar de a sua relação com o PS já vir do início dos anos 90, quando participou na elaboração do programa eleitoral à Câmara de Baião, Carneiro só se inscreveu como militante do partido após a derrota nas autárquicas de 1997, ano em que integrou pela primeira vez as listas, depois de ter recusado o mesmo convite quatro anos antes.
Natural de Baião, José Luís Pereira Carneiro é licenciado em Relações Internacionais, com um mestrado em Estudos Africanos, e foi secretário de Estado das Comunidades Portuguesas no primeiro Governo de António Costa, de 2015 a 2019, e ministro da Administração Interna, entre 2022 e 2025.
A sua experiência governamental começou, como adjunto, no gabinete de Carlos Zorrinho, secretário de Estado Adjunto do ministro da Administração Interna, entre 1999 e 2000, no executivo de António Guterres.
Deputado durante várias legislaturas, José Luís Carneiro foi presidente da Associação Nacional de Autarcas Socialistas, de 2014 a 2015, e liderou a Federação Distrital do Porto do PS, de 2012 a 2016.
Ainda no PS, foi secretário-geral adjunto do partido, entre 2019 e 2022, já com António Costa na liderança dos socialistas.
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