"Não foi possível encontrar plataformas de entendimento totais" com os outros partidos, referiu o deputado do PSD, António Rodrigues.
A proposta de nova lei da nacionalidade apresentada pelo Governo foi esta sexta-feira discutida artigo a artigo, depois de os principais partidos não terem chegado a acordo, com acusações da esquerda ao processo legislativo.
O diploma foi discutido ponto a ponto, com alterações na comissão parlamentar de assuntos constitucionais durante o próprio debate, com alterações introduzidas durante a manhã de esta sexta-feira.
"Foi sempre nosso propósito ficar claro que a lei da nacionalidade não é uma lei qualquer" e define o "contorno do que é ser português (...) e como nos devemos comportar perante o país", disse o deputado do PSD António Rodrigues.
Segundo o parlamentar, "o PSD tentou encontrar plataformas de entendimento cruzadas", procurando "discutir soluções" com outros partidos, mas "houve quem se entrincheirasse" nas suas posições.
"Não foi possível encontrar plataformas de entendimento totais", porque "haverá sempre divergências nesta matéria", mas o objetivo é encontrar "uma solução definitiva" que consagre o conceito de nação, de "pessoas que estão juntas e partilham os mesmos valores" e os "mesmo símbolos", explicou António Rodrigues.
A deputada do Chega Cristina Rodrigues avisou que o partido não irá ceder em matérias que considera essenciais: "Não vemos vantagem em atribuir nacionalidade a quem tenha passado criminoso" ou a "quem não tenha condições de se sustentar" em Portugal.
"Estamos aqui e representamos os portugueses, não representamos nacionais de outros países ou expectativas de imigrantes" em Portugal e "temos a certeza que os portugueses foram maltratados com a alteração à lei da nacionalidade com a geringonça", em 2018, afirmou Cristina Rodrigues.
O socialista Pedro Delgado Alves considerou que a nova lei "deveria merecer um consenso alargado", respeitando as divergências políticas de cada uma das partes.
"Fizemos cedências de relevo", mas "colocar a Lei da Nacionalidade numa trincheira de combate político é um erro para o país" e, hoje, no parlamento, "há forças políticas que se afastam dos valores constitucionais" associados ao "humanismo e política de integração".
Pedro Delgado Alves lamentou que a proposta não preveja um regime transitório para quem já está no país, classificando essa ausência como um "erro de justiça proporcional", que afeta a imagem pública do país perante pessoas que "fizeram opções de vida" em função da lei ainda em vigor.
Para o PS, o facto de a nova lei só contar os prazos para aquisição de nacionalidade a partir da atribuição da residência poderá alargar o tempo, tendo em conta a demora do Estado em atribuir essa autorização.
As "falhas devem ser imputadas à administração pública" e não aos cidadãos, defendeu o PS, que critica também a proposta que só permite o acesso à nacionalidade aos estrangeiros nascido em Portugal com progenitores que vivam em Portugal há cinco anos.
Rui Rocha (IL) destacou que os quatro principais partidos do parlamento concordam no alargamento dos prazos -- dos cinco anos de residência legal atuais para nove, no caso do PS, ou dez nos restantes -- o que mostra a "construção de um consenso relativamente alargado".
Sobre as queixas da esquerda de que os prazos devem ser contados a partir dos pedidos de residência e não das autorizações atribuídas, o deputado da IL defende que os deputados não devem "legislar no pressuposto do falhanço do Estado".
Já Paulo Muacho (Livre) criticou o processo legislativo e lamentou que não tenha havido o "mínimo de seriedade" que o tema exigiria.
Deu o exemplo do artigo que permite acesso à nacionalidade a residentes no estrangeiro que sejam bisnetos de portugueses, podendo atingir um universo potencial de "20 a 30 milhões" de pessoas.
São "conceitos absolutamente indeterminados que vão dar um poder discricionário enorme ao Governo".
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, que só participou na discussão inicial, considerou que a nova lei "foi tratada como uma lei qualquer", devido à "pressa com que foi discutida", com propostas de alteração "escassas horas antes da discussão".
"Esta lei está a ser alterada para resolver uma barganha entre os partidos mais radicais à direita" e é "particularmente cruel para as crianças [estrangeiras] que nascem em solo português".
Já Paula Santos (PCP, criticou o "processo injusto e profundamente negativo" a que corresponde a lei, que faz uma "confusão propositada" entre migrações e nacionalidade, procurando "dividir e pôr uns contra os outros".
João Almeida (CDS) recordou que a nova lei visa também seguir a tendência europeia de apertar a malha de acesso à cidadania, feita por vários países, alguns deles geridos por partidos socialistas.
"Neste momento, na União Europeia, a nacionalidade portuguesa estava a transformar-se numa das nacionalidades mais fáceis para imigrantes", disse.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.