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Marcelo avisa Costa mas não faz nada

Presidente avisa para não contarem com ele para “juntar problemas aos problemas que os portugueses já têm”.

05 de maio de 2023 às 01:30

Depois de uma hora de conversa com António Costa em Belém, o Presidente da República deu um valente ‘puxão de orelhas’ em público ao primeiro-ministro e a todo o Governo, e prometeu redobrar a vigilância em relação às ações do executivo. Ao intitular-se "o último fusível da segurança política", Marcelo avisou que tudo fará para que não se chegue "a uma situação que ninguém quer (a dissolução da Assembleia e a convocação de eleições antecipadas)".

Assumindo que, a partir de agora há "uma divergência de fundo" com o primeiro-ministro, Marcelo diz que "estará mais atento e interveniente no dia a dia, sinalizando de forma mais intensa tudo o que possa afastar os portugueses dos poderes públicos".

Em relação a João Galamba, o Presidente foi demolidor. Classificando-o indiretamente como "irresponsável", Marcelo quase se coloca ao lado do ex-adjunto Frederico Pinheiro afirmando: "Como pode um ministro não ser responsável por um colaborador que escolhera manter na sua equipa mais próxima, a acompanhar um dossiê tão sensível como o da TAP no qual portugueses já meteram milhões de euros e merecer tanta confiança que podia assistir a reuniões privadas para preparar outras reuniões públicas?". E alargando a repreensão ao próprio António Costa disse que "um governante aceita a responsabilidade pelo que faz e não faz e também pelo que fazem e não fazem os que escolhe e nos quais é suposto mandar".

"A autoridade para existir tem que ser responsável", disse o Presidente, acrescentando que, neste caso, a "responsabilidade não foi assumida. Não basta pedir desculpa". Dirigindo-se claramente a Costa, Marcelo afirmou. "Não se apaga tudo dizendo que já passou... Não passou!"

Reafirmando que o seu principal objetivo é "garantir a estabilidade institucional", e acrescentando que não será o Presidente a "juntar problemas aos problemas que os portugueses já têm", Marcelo terminou a sua intervenção apelando à "sensatez, ao sentido de Estado e ao patriotismo de todos. Conto sempre, mas sempre, com a experiência, prudência e sabedoria do povo português".

Reações

Pedro Pinto

Líder parlamentar do Chega

"O Presidente da República arrasou completamente o ministro João Galamba. O ministro está acabado. Teve hoje o seu ponto final [...], mas devia ter ido mais além. Devia ter terminado hoje mesmo com este Governo, que está em farrapos".

Mariana Mortágua

Deputada do Bloco de Esquerda

"[Marcelo está] enredado numa maioria absoluta arrogante e prepotente. [...] Hoje sabemos que não confiamos nem no Governo nem no Presidente para apresentarem as soluções que os portugueses esperam".

Rui Rocha

Presidente da Iniciativa Liberal

"O primeiro-ministro amarrou o seu destino político a João Galamba, o Presidente amarrou a avaliação deste seu mandato aos próximos tempos de governação de António Costa. São ambos corresponsáveis por tudo o que vier a acontecer".

Paula Santos

Líder parlamentar do PCP

"Aquilo que os trabalhadores, os reformados,

o povo reclama são respostas para os problemas com os quais estão confrontados: os salários e as pensões não chegam até ao fim do mês".

Inês de Sousa Real

Deputada do PAN

"Não basta levar um ralhete neste momento. Portugal precisa que sejam feitas as reformas estruturais e que hajam responsabilidade, compromisso e sentido de bem comum".

PSD diz que culpa de qualquer instabilidade futura será de Costa

O PSD afirmou que se revê na leitura do Presidente da República da situação política, respeita as conclusões do chefe de Estado e deixa um aviso: "É muito importante que os portugueses saibam que, se o calendário eleitoral vier a ser antecipado em Portugal, ou seja, se as eleições vierem a ser antecipadas e se houver instabilidade política, deve-se única e exclusivamente ao primeiro-ministro e ao Governo", afirmou o secretário-geral do PSD. Hugo Soares disse ainda que "um Governo que não assume a sua responsabilidade perde confiabilidade e fragiliza a sua autoridade e credibilidade", defendendo o reforço da vigilância do executivo.

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