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Marcelo Rebelo de Sousa considera que governos desvalorizaram Comissão Comemorativa do 25 de Abril

"Às vezes é estúpido, um país tão antigo e tão persistente e tão eterno não tratar muito bem a sua História", criticou o chefe de Estado.

25 de novembro de 2025 às 22:53

O Presidente da República considerou, esta terça-feira, que a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril foi desvalorizada, a partir de certa altura, ainda pelo anterior Governo do PS e depois pelo atual Governo PSD/CDS-PP.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou esta mensagem no encerramento do seminário "25 de Novembro de 1975, 50 anos depois", na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e reiterou-a depois aos jornalistas, lamentando o adiamento do projeto de um Centro Interpretativo do 25 de Abril.

"Às vezes é estúpido, um país tão antigo e tão persistente e tão eterno não tratar muito bem a sua História", criticou o chefe de Estado, a este propósito, em declarações à comunicação social.

Segundo o Presidente da República, "o clima em torno da Comissão do 25 de Abril começou muito intenso nos primeiros anos, mas depois a conjuntura política, a própria mudança de executivos, a mudança na opinião pública em geral, mais focada noutras realidades" fez com que perdesse prioridade.

"Mesmo na governação anterior tornou-se difícil reunir a Comissão Nacional, deixou de ser prioridade para o Governo em funções a Comissão Nacional do 25 de Abril. Por maioria da razão, como imaginam, essa tendência não se alterou na nova governação, e aí a ausência tem sido praticamente total - houve uma reunião", considerou, na sua intervenção.

Sobre o projeto de "um Centro Interpretativo do 25 de Abril, que é no fundo um mini-museu", Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é importante a sua concretização, ainda "com os protagonistas vivos", para explicar o antes e o depois e várias as fases do processo revolucionário.

"Eu tenho pena que não seja já no meu mandato, mas mandato presidencial não é fatal. Fatal é se o meu sucessor iniciar o seu mandato, decorrer o seu mandato e aquele projeto que era um projeto que era importante do ponto de vista de História de Portugal de repente desaparecesse", acrescentou.

No início do seu discurso neste seminário sobre o 25 de Novembro, o chefe de Estado dirigiu-se a Maria Inácia Rezola, comissária executiva da Estrutura de Missão para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, e disse-lhe que "tem exercido funções em condições nem sempre fáceis" e que "tem sido uma aventura a vida desta Comissão".

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a estrutura constituída para as comemorações inclui "uma Comissão Nacional, presida pelo Presidente da República, integrando presidente da Assembleia, primeiro-ministro, presidentes dos Tribunais Superiores, presidente da Associação 25 de Abril, que tem sido também um lutador todos os dias".

"E depois uma Comissão Executiva, que no fundo é uma comissária que faz um pouco de tudo, ajudada pela Associação 25 de Abril. E foi assim que fomos vivendo", completou.

De acordo com o Presidente da República, "no final de 2021, ainda de 2021 para 2022 sentiu-se o espírito da comemoração, de 2022 para 2023 foi-se perdendo, de 2023 para 2024 estiolando".

"A nossa professora Maria Inácia Rezola a tudo isto resistiu, paciência infinita. O coronel Vasco Lourenço, paciência menos infinita, protestou e protesta semanalmente, mensalmente, semestralmente", comentou.

"Há objetivos que foram atingidos nos chamados mínimos possíveis, o centro da Pontinha [Núcleo Museológico do Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas], e outros que estamos a lutar por eles, como o Centro Interpretativo", acrescentou.

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