"Normalização da violência", coloca em risco os direitos destes utentes, aponta o relatório.
Situações de negligência, abuso e violência contra pessoas com deficiência que vivem em instituições na União Europeia, incluindo Portugal, foram, esta quinta-feira, reveladas num estudo da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) divulgado pela Universidade de Coimbra.
"A investigação recolheu testemunhos de pessoas que experienciaram violência em instituições, revelando situações de abuso físico e emocional, maus-tratos, privação de liberdade, desumanização, ridicularização e medicação excessiva", revelou o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC), num comunicado enviado à agência Lusa.
O relatório "Locais de Cuidados = Locais de Segurança?" contou com contributos do Observatório Permanente da Justiça do CES da UC, através do trabalho de Fernando Fontes, Cláudia Nogueira e Diana Barros.
Muitos dos relatos obtidos pelo projeto "mostram como diferentes formas de violência são cumulativas e têm impacto profundo no bem-estar e na saúde física e mental das vítimas".
O relatório aponta ainda que "a normalização da violência, as dificuldades na denúncia de abusos e a falta de monitorização eficaz" colocam em risco os direitos destes utentes.
De acordo com a mesma nota, a FRA considera urgente reforçar políticas públicas que previnam a violência, protejam as vítimas e responsabilizem profissionais e instituições.
Na União Europeia, mais de 1,4 milhões de pessoas com deficiência vivem em instituições, número que, em Portugal, era superior a 6.600 utentes em 2022.
Em território nacional, "os censos de 2021 indicam que 8% das pessoas com incapacidade com mais de cinco anos residem em alojamentos coletivos, um valor muito superior aos 1,5% da população geral", acrescentou o CES.
"Os dados relativos a Portugal estão em linha com o estudo comparativo promovido pela FRA, já que a análise nacional conclui que, apesar da existência de legislação, medidas de proteção e mecanismos de denúncia, a aplicação prática destas ferramentas continua frágil e pouco eficaz".
Entre os seis principais desafios identificados, estão a persistência de estereótipos sobre deficiência, a falta de recursos humanos e de formação especializada, e modelos de políticas públicas que continuam a favorecer a institucionalização.
A monitorização insuficiente, a fraca eficácia dos mecanismos de denúncia e a lentidão e visão paternalista do sistema judicial, foram outros dos pontos detetados.
O projeto indicou também três grupos com risco acrescido de violência dentro das instituições, nomeadamente "pessoas com deficiência intelectual profunda e múltipla que não conseguem comunicar verbalmente; pessoas com doença mental internadas em hospitais psiquiátricos; e pessoas com duplo diagnóstico, combinando deficiência intelectual e problemas de saúde mental".
Os investigadores chegaram à conclusão de que "existe um desconhecimento generalizado dos mecanismos independentes de monitorização e denúncia, em grande parte devido à falta de informação acessível nas instituições, o que contribui para a persistência destas situações", indicou o CES.
O estudo foi realizado em 27 países da União Europeia e três países candidatos, e complementado por entrevistas em dez países, e "reforça o apelo da FRA a uma ação urgente por parte dos Estados-Membros".
Entre as medidas recomendadas está a desinstitucionalização, a melhoria dos mecanismos de denúncia ou a participação ativa das pessoas com deficiência nas decisões políticas que lhes dizem respeito.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.