page view

Sindicato dos Professores da Região Açores propõe medidas para ultrapassar falta de docentes

No arquipélago estão licenciados que necessitam de profissionalização, mas que não têm hipótese de se deslocar.

19 de setembro de 2025 às 17:44

O Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA) considerou esta sexta-feira que a falta de professores no arquipélago poderá ser contrariada com o reforço do papel da Universidade local e apostando em formação à distância.

"Achamos que a Universidade dos Açores tem aqui um papel determinante. A Universidade dos Açores já foi o principal centro de formação de professores aqui na região e, hoje em dia, não cumpre minimamente esse papel", afirmou o presidente do SPRA, António Lucas.

O dirigente, que falava numa conferência de imprensa, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, sobre as condições de abertura do ano letivo 2025/2026 nos Açores, referiu que no arquipélago estão licenciados que "necessitam de profissionalização, mas que não têm hipótese de se deslocar".

"Muitas destas pessoas já têm família constituída, têm a sua ilha de residência e não podem vir ter aulas a São Miguel. E nós achamos que uma das formas de resolver este problema seria com uma plataforma 'online' que, aliás, não é nenhuma novidade, a Universidade Aberta funciona assim, de forma a poder também garantir que estas pessoas concluíssem o seu processo formativo", acrescentou.

António Lucas sugeriu ainda a possibilidade de que, a nível nacional, as universidades "pudessem aumentar o número de alunos no âmbito da formação da docência".

Na análise do início de mais uma no letivo na região, a direção do SPRA mostrou-se preocupada com a "persistência dos problemas detetados nos últimos anos", relacionados com falta de professores, de assistentes técnicos e operacionais, com a educação inclusiva, infraestruturas e manuais digitais escolares.

Em relação aos recursos humanos, António Lucas salientou que as carências de docentes são mais evidentes nas ilhas periféricas dos Açores, havendo necessidade de recurso à contratação através da Bolsa de Emprego Público dos Açores (BEPA).

Desde o dia 01 de setembro até hoje, em toda a região, "estiveram e estão a concurso 156 horários", adiantou.

Na vertente da educação inclusiva, admitiu que se mantém a falta de docentes e de técnicos especializados e "as omissões legais relativas ao número máximo de alunos por turma".

Já no tocante aos manuais escolares digitais, segundo o presidente do SPRA, o ano letivo 2025/2026 iniciou-se com "muita perturbação".

"Centenas de alunos e docentes não têm ainda acesso aos manuais digitais da Porto Editora, devido à anulação do concurso pelo Tribunal de Contas", indicou.

Para o sindicato, uma medida tão "propagandeada" pela Secretaria Regional da Educação dos Açores tornou-se um constrangimento, pois nas escolas que optaram pelos manuais da Porto Editora, os alunos e os docentes, "neste momento, nem têm manuais digitais, nem têm manuais em papel".

"Portanto, aquilo que foi quase uma bandeira política está, neste momento, [a ser] uma bandeira um bocado esfarrapada e haveria alguma celeridade em resolver este problema", afirmou António Lucas.

O dirigente referiu, ainda, que o sindicato mantém a mesma opinião sobre os manuais digitais que veiculou quando surgiram: "É que a digitalização do ensino, só por si, não tem sentido. Os materiais em formato digital podem ser importantes como um instrumento pedagógico, mas não podem ser o único instrumento pedagógico".

Em 1 de setembro, a secretária regional da Educação, Sofia Ribeiro, adiantou que o ano letivo se iniciou nos Açores com 98% dos 5.300 docentes das escolas do ensino público colocados e realçou o "grande esforço" do executivo açoriano para promover a estabilidade na classe.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8