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Robles vende por 5,7 milhões um prédio que lhe custou 347 mil euros

Imóvel foi comprado por Ricardo Robles e pela irmã em 2014. Político não vê contradição com discurso contra a especulação imobiliária.

27 de julho de 2018 às 09:40

Ricardo Robles, vereador do Bloco de Esquerda, é co-proprietário de um edifício em Alfama que está à venda por 5,7 milhões de euros. Robles e a irmã, Lígia, compraram o prédio em 2014 à Segurança Social por347 mil euros.

O vereador bloquista, com a pasta da Educação e Direitos Sociais, não considera que haja "qualquer contradição" entre as suas posições quanto ao regime do arrendamento urbano e habitação em Lisboa, de que é um dos maiores críticos, e a sua venda deste imóvel. "A minha conduta como co-proprietário deste imóvel em nada diminui a legitimidade das minhas propostas para parar os despejos, construir mais habitação pública e garantir o direito à cidade", afirmou ao Jornal Económico, que avançou a notícia.

Robles justifica a venda com "razões familiares". O prédio foi comprado por ele e pela irmã com dois empréstimos, da Caixa Geral de Depósitos e do Montepio, e com financiamento por parte de parentes. Os dois irmãos investiram 650 mil euros em obras de requalificação e chegaram a acordo com quase todos os inquilinos para acabar os contratos de arrendamento - só um casal fez novo contrato de arrendamento, com uma renda mais alta e durante oito anos, e um proprietário de um restaurante no rés-do-chão colocou os irmãos Robles em tribunal, exigindo 120 mil euros de compensação.

O prédio está a ser vendido por uma imobiliária de luxo e Robles espera que a venda se faça "a breve trecho". Com esta venda, Robles conseguirá uma mais-valia de dois milhões de euros.

Em Março de 2018, Robles lamentou, em entrevista ao Diário de Notícias, que o problema da habitação se venha "a agravar em Lisboa". "Os preços continuam a aumentar brutalmente e isto está a criar uma crise social. Encontrar casa, seja para arrendar seja para compra, apesar de o crédito para a habitação estar mais acessível, continua a ser proibitivo", afirmou. "Esta é uma cidade cada vez mais para ricos e menos para lisboetas e para quem quer viver na cidade, para trabalhar, morar, estudar."

Robles nega que prédio esteja à venda por valor indicado

Esta sexta-feira, Ricardo Robles veio negar as informações avançadas pelo Jornal Económico. O político esclarece que o prédio em causa ainda não está à venda e que o valor avançado de 5,7 milhões de euros resultou da avaliação de uma imobiliária e que não é, necessariamente, o preço a que será posto no mercado.

"Procedi de forma exemplar"

O vereador da Câmara Municipal de Lisboa referiu, em conferência de imprensa na tarde desta sexta-feira, que procedeu "de forma exemplar com todos os arrendatários", acrescentando que, de acordo com a lei, nada do que fez é reprovável. Ricardo Robles afastou ainda um cenário de demissão. 

"Não comprei este prédio para o vender com mais-valias e, pela minha parte, não o farei", afirmou.

O vereador do Bloco de Esquerda justifica que a "decisão de vender [o imóvel] não estava nos seus planos" mas que o facto de a irmã não estar a viver em Portugal levou a que o prédio fosse colocado no mercado.

Quanto ao pedido de demissão feito pelo PSD, Robles referiu que este "não tem qualquer base".

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