200 portugueses perdem 10 mil euros em criptomoedas

Mais de 200 portugueses perdem cada um, em média, 10 mil euros num esquema de fraude internacional em criptomoedas. Suspeitos prometiam rentabilidade entre 5% e 10%, mas o dinheiro dos investidores foi transferido para a Lituânia.

29 de setembro de 2025 às 01:30
Criptomoedas Foto: Pixabay
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Mais de 200 portugueses perderam cada um 10 mil euros, em média, numa burla internacional em criptomoedas. Para atrair os potenciais investidores, os suspeitos prometiam uma rentabilidade entre 5% e 10%. O dinheiro dos investidores foi transferido de Portugal para a Lituânia, de onde regressou a Portugal para ser branqueado noutros ativos.

O esquema fraudulento foi desmantelado numa operação conjunta de Portugal, Espanha, Bulgária e Lituânia, apoiada pela Europol e Eurojust, realizada em 17 de setembro. O esquema funcionava através de uma plataforma eletrónica na qual os interessados preenchiam um formulário com os seus dados pessoais e investiam um montante médio entre 250 euros e 50 mil euros.

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Segundo a Polícia Judiciária (PJ), que participou na operação em Portugal no âmbito de um processo do Departamento Central de Investigação e Ação penal (DCIAP), trata-se de um “esquema fraudulento que passava por desconhecidos, através de páginas da Internet, previamente constituídas para o efeito, para criarem a convicção em potenciais investidores, cidadãos particulares, de que poderiam obter grande rentabilidade em ativos virtuais [criptomoeda], através de plataformas digitais”. Ainda segundo a PJ, “na realidade [os investidores] não estavam a realizar qualquer investimento, mas simplesmente a efetuar transferências para diversas contas domiciliadas na Lituânia, tituladas por terceiros, que apenas tinham intenção de se apoderarem dos valores ali depositados, através destes artifícios fraudulentos”.

A burla foi praticada em Portugal e noutros países europeus, sendo o dinheiro dos investidores transferido para a Lituânia. Deste país, o dinheiro foi transferido para outros países, como Portugal, Espanha e Reino Unido, Bulgária e até territórios offshore, nos quais é mais difícil identificar os últimos destinatários desses fundos. Nesta operação, a PJ apreendeu em Portugal ativos valiosos: seis imóveis (três apartamentos e três moradias), na zona da Grande Lisboa; três carros de gama alta; cinco relógios da marca Rolex; um relógio da marca Hublot; 15 quadros de elevado valor; e cerca de 20 mil euros em criptoativos, também designados ativos virtuais.

Diretor Luís Neves

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Luís Neves é diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) desde 18 de junho de 2018, tendo o mandato sido renovado no final de 2024. Quando assumiu este cargo, Neves já tinha mais de 20 anos de serviço na PJ. O combate à corrupção e ao crime económico são áreas centrais na investigação da PJ.

Moedas virtuais

Criptoativos ou ativos virtuais são representações digitais de valores ou direitos que podem ser transferidos e armazenados eletronicamente. São também chamados de ‘moedas virtuais’, mas não podem ser considerados verdadeiras moedas.

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Risco e falta de proteção

Os criptoativos não são proibidos, mas têm riscos associados e não existe supervisor nem regras que garantam a proteção dos fundos investidos.

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