Confessa os abusos em seita
Arguido descreve crimes no tribunal de Setúbal e relata violações.
O mentor da seita Verdade Celestial, cujos membros começaram esta terça-feira a ser julgados por centenas de crimes de abuso sexual de menores no tribunal de Setúbal, remeteu-se ao silêncio na primeira sessão do julgamento.
R.P., de 34 anos, que dizia ser psicólogo e era tratado por ‘Mestre’, recusou responder às perguntas dos juízes. Mas foi traído por um dos elementos do grupo, que não seguiu a estratégia do chefe da seita, criada só com a intenção de angariar crianças para serem abusadas e ganhar dinheiro com isso.
C.S., atualmente com 40 anos e acusado por três crimes de abuso de menores e dois de lenocínio, admitiu em tribunal ter integrado a seita – cinco homens e três mulheres acusados; os primeiros em prisão preventiva –, explicou o que se passava lá dentro e fez uma descrição dos atos sexuais. Outro arguido também se mostrou disposto a falar perante os juízes, mas acabou interrompido devido à hora tardia. Deverá prestar declarações já durante a próxima sessão de julgamento, que decorre à porta fechada, amanhã.
R.P., o cabecilha da seita, está acusado por mais de 200 crimes – desde abuso sexual de crianças a pornografia de menores, passando pelo lenocínio. Os crimes ocorreram entre 2013 e o verão de 2015, altura em que uma operação da PJ desmantelou o grupo, que estava sedeado numa quinta em Brejos do Assa, no concelho de Palmela.
R.P. dava consultas de psicologia e explicações às crianças e aproveitava-se do facto de por vezes passarem a noite na quinta para as ‘vender’ aos outros pedófilos que tinham entrado naquele grupo. O pretexto era a ‘purificação’ das vítimas menores.
O ‘guru’ chegava a cobrar 30 a 60 euros pelos serviços.
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