Sistema de 568 milhões falha na tragédia

O SIRESP, sistema de comunicações utilizado por bombeiros e forças de segurança que teve falhas no incêndio de Pedrógão Grande, irá custar ao Estado 568 milhões de euros. O sistema já tinha falhado nos fogos no Sardoal, em 2016, e em Carregal do Sal, em 2013.

A análise dos boletins anuais da UTAP - Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos sobre as PPP e do Orçamento do Estado para 2007, quando o sistema começou a ser pago, revela que o SIRESP irá custar mais 26 milhões de euros do que a previsão inicial. Segundo o OE para 2007, o polémico sistema custaria, entre 2007 e 2021, um total de 542 milhões de euros, montante quase 5% inferior ao que será agora pago.

Os dados da UTAP e do Orçamento do Estado para 2007 indicam que o SIRESP custou ao Estado, entre 2007 e 2016, um total de 320 milhões de euros e, entre 2017 e 2021, irá custar mais 155 milhões de euros, no total de 568 milhões de euros.

O SIRESP gerou polémica desde o início: em fevereiro de 2005, já no período de gestão, o governo de Santana Lopes adjudicou o sistema ao consórcio da então Sociedade Lusa de Negócios (SLN), empresa ligada ao BPN. O Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República considerou nulo o despacho de adjudicação do contrato. Como ministro da Administração Interna, António Costa renegociou o contrato do SIRESP, que seria assinado em 2006.

O CM questionou o MAI sobre os encargos e as falhas do SIRESP, mas, até ao fecho desta edição, não obteve resposta.

Ex-ministro foi trabalhar para SLN

O SIRESP foi adjudicado ao consórcio da SLN, a 23 de fevereiro de 2005, por Daniel Sanches, então ministro da Administração Interna. Após ter saído do governo, Sanches foi trabalhar para a SLN.

Duas versões sobre a EN236

O Governo tem duas versões sobre o fecho da EN236, a estrada da morte. O secretário de Estado Jorge Gomes disse à TSF que a GNR garantiu "que a via estava fechada". António Costa disse à TVI que a estrada não foi logo encerrada porque tudo aconteceu de forma "repentina".