Máfia de Braga conta piadas sobre crime
Imbróglio jurídico num caso onde os prazos são apertados e que está a correr em fases distintas.
Faziam piadas sobre a morte. Gozavam com a esperança dos familiares de João Paulo Fernandes. Brincavam com a possibilidade de o empresário ser encontrado – ele ou o ‘coelhinho da Páscoa’, já que nessa altura o corpo da vítima já tinha sido dissolvido em ácido sulfúrico e os restos mortais atirados para uma lixeira.
O que os arguidos do caso Máfia de Braga disseram sobre um crime bárbaro - João Paulo Fernandes foi raptado em março do ano passado em Braga e assassinado 12 horas depois por estrangulamento - vai agora ser ouvido em tribunal. O processo foi inserido num sistema informático inovador - feito, entre outros, pelo juiz de Aveiro António Gomes - e permitirá que o julgamento se faça de forma muito rápida. As escutas são acompanhadas por legendagem. As provas também estão anexadas a factos e a pesquisa por testemunhas ou arguidos é muito rápida.
Haverá também, para agilizar todo o processo, um ecrã gigante na sala do Tribunal de S. João Novo, no Porto, que permitirá por exemplo visualizar, com qualidade, as imagens recolhidas pela PJ. Algumas são esclarecedoras: por exemplo, a do carro usado para o rapto a ser incendiado à frente dos investigadores.
A rapidez com que se fará este processo é determinante. O caso está envolvido num imbróglio jurídico desde que desceu novamente para a instrução e neste momento correm autonomamente prazos para duas fases distintas. A juíza de instrução notificou os arguidos para apresentarem as contestações, enquanto o juiz de julgamento notificou os mesmos arguidos para comparecerem ao início do julgamento.
A decisão de primeira instância tem mesmo de ser conhecida em novembro - sob pena de os réus serem libertados. O julgamento começa a 4 de setembro e já tem marcadas 12 sessões: quatro por semana durante as três primeiras semanas.
PORMENORES
‘Bruxo da Areosa’
Emanuel Paulino, conhecido como ‘Bruxo da Areosa’, é tido como um dos mentores deste crime. Preparou tudo em conjunto com Pedro Bourbon.
Álibi quase perfeito
O advogado Pedro Bourbon tinha um álibi quase perfeito. Não estava em Braga quando a vítima foi raptada. As escutas acabaram por desmascará-lo.
Confessou e mudou
Pedro Bourbon começou por confessar o crime na fase de instrução, mas recuou, após o interrogatório ter sido anulado por decisão da Relação.
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