Morre sem socorro depois de o marido andar 2 km para encontrar telefone

Linhas telefónicas de aldeia da Sertã não foram reparadas desde os fogos do verão.

23 de fevereiro de 2018 às 01:30
Ângelo Farinha e a filha do casal, Umbelina, estão indignados. Não têm telefone fixo desde outubro Foto: Direitos Reservados
Ângelo Farinha e a filha do casal, Umbelina, estão indignados. Não têm telefone fixo desde outubro Foto: Direitos Reservados

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Sem telefone fixo desde os incêndios de outubro, Ângelo Farinha, de 79 anos, residente em Vale da Ameixoeira, Sertã, teve de percorrer mais de dois quilómetros a pé, durante a noite, pelo meio da floresta, para pedir ajuda para socorrer a mulher, que se sentiu mal. Quando os meios de socorro chegaram, duas horas depois, Maria Martins, 80 anos, estava morta. O caso ocorreu na noite de 16 de fevereiro.

A família está revoltada com o facto de as linhas de telefone destruídas pelos fogos do último verão ainda não terem sido repostas. Quando Maria Martins sofreu o episódio cardíaco, o marido - que tem problemas de visão e mobilidade reduzida - não tinha telefone para pedir ajuda.

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"É um escândalo estar há mais de quatro meses à espera que voltem a ligar o telefone. Não posso garantir que a minha mãe sobrevivesse, mas pelo menos os bombeiros poderiam ter tentado a reanimação mais cedo", afirma indignada Umbelina Farinha, filha do casal, que afirma que já tinha contactado a Altice Portugal em dezembro.

"No final desse mês, o meu pai sentiu-se mal e a minha mãe fez o mesmo percurso para pedir ajuda. Falei com a PT e disseram-me que a ligação ia ser reposta em breve. Dois meses depois continua na mesma", diz.

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Fonte da empresa referiu que "mais de 99,5% das ligações estão repostas nos concelhos afetados", e que "as que faltam efetuar se devem à incapacidade de chegar ao contacto com clientes destas zonas, por questões diversas, nomeadamente: habitações sazonais ou clientes que não confirmam data para reposição do serviço".

PORMENORES 

Fiscalização

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A fiscalização da limpeza das florestas vai ter áreas prioritárias, refere um despacho publicado ontem em Diário da República, estando já definidas 1049 freguesias prioritárias.

Mil milhões

Os fogos florestais de 2017, que fizeram mais de 100 mortos, causaram um prejuízo superior a mil milhões de euros, dos quais apenas 244 milhões estão cobertos por seguros, revela um estudo.

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Tipo de floresta

As câmaras municipais vão poder decidir sobre as zonas florestal e agrícola que querem nos seus concelhos, revelou ontem Carlos Miguel, secretário de Estado das Autarquias Locais.

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