Ex-bancária confessa desvio de 655 mil euros

Mulher tirou dinheiro de clientes e gastou-o em compras de forma compulsiva.

10 de maio de 2018 às 08:23
Ana Isabel Foto: Ricardo Almeida
Ana Isabel Foto: Ricardo Almeida
Relação de Coimbra, Porto, SEF, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Conservatória do Registo Civil, Tribunal da Relação, Portugal, Castelo Branco, justiça e direitos Foto: Ricardo Almeida
Tribunal da Relação de Coimbra Foto: Ricardo Almeida

1/4

Partilhar

Comprava compulsivamente. Tinha cartões, tinha empréstimos e todo o dinheiro que podia gastava-o em compras". Esta foi a justificação avançada esta quarta-feira pela ex-bancária, de 44 anos, no Tribunal de Coimbra, para o desvio de 655 mil euros de contas dos clientes da agência do Millennium BCP em Vila Nova de Poiares, entre 2003 e 2010.

Ana Isabel Oliveira confessou todos os factos ao longo de um depoimento em que esteve quase sempre a chorar: "É tudo verdade o que está na acusação". A pior fase da vida situou-a em 2003, em que diz ter chegado ao limite, associado ao consumo exagerado de bebidas alcoólicas.

Pub

"Sempre tive compulsão de compras, mas foi-se agravando mais: compras e álcool. Deixava tudo para trás para ir às compras", afirmou, ao referir que não conseguia passar um dia sem satisfazer o vício. Mesmo depois de fazer uma cirurgia plástica, diz que não conseguiu controlar-se e parou em Coimbra para "comprar uma mala". Relatou ainda que chegava a comprar "sapatos 36" quando calça o 40: "Tinha de ser de todas as cores. Não importava se custavam 30 ou mil euros".

A arguida referiu ainda ser bipolar, doença que lhe foi diagnosticada já depois de sair do banco, no qual ao longo de sete anos transferiu milhares de euros das contas dos clientes - sobretudo idosos e emigrantes - para as suas. Dinheiro que diz ter usado para as "compras compulsivas" e para pagar despesas fixas para que o então marido não desconfiasse que "gastava de forma compulsiva".

Pub

O ex-marido, de 42 anos, também é acusado de estar envolvido no esquema. No entanto, ambos negaram que isso acontecesse. "Não sabia nada do que se passava", garantiu.

PORMENORES

29 clientes lesados

Pub

A arguida transferia o dinheiro das contas dos clientes para as suas ou fazia pagamentos com cartões e cheques que emitia sem o conhecimento dos lesados. No total, apropriou-se do dinheiro de 29 clientes, que entretanto já foram ressarcidos pelo banco.

Vestuário, joias e malas

O dinheiro terá sido gasto em vestuário, joalharia, sapatarias, mas também terá servido para o casal remodelar a instalação elétrica da casa ou comprar eletrodomésticos. A acusação refere que só numa mala gastou quase dois mil euros.

Pub

Acesso ao sistema

Segundo a acusação, a arguida terá beneficiado do facto de, em 2003, ter passado a desempenhar funções de gestora de conta e a partir de 2007 coordenadora comercial-adjunta, que lhe permitia o acesso ao sistema informático e a contas de patrimónios elevados.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar