Mata assaltante e juiz manda-o ficar em liberdade

João Cerqueira, um toxicodependente de 38 anos, envolveu-se em confrontos com o dono do carro que assaltava e foi morto.

27 de novembro de 2018 às 01:30
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Foi pela janela da cozinha da casa dos pais, na avenida Paulo VI, em Marvila, Lisboa, que um funcionário autárquico de 37 anos viu João Cerqueira, um toxicodependente cadastrado, de 38 anos, a assaltar-lhe o carro no parque de estacionamento junto ao campo do Oriental.

Enfurecido, pegou numa faca e, momentos depois, João Cerqueira estava morto. O alegado autor do homicídio ficou detido pela PSP, mas um juiz soltou-o com apresentações semanais, por ter dúvidas sobre a causa da morte.

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Para o crime, ocorrido pelas 14h10 de domingo, há duas versões. A primeira, a do arguido, foi apresentada esta segunda-feira ao juiz.

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"O meu cliente diz que só se recorda de ter chegado junto do assaltante e de lhe perguntar o que estava a fazer. Ele [João Cerqueira, o ladrão] apontou-lhe a chave de fendas usada para abrir o carro, e os dois agrediram-se", explicou Túlio Araújo, advogado do arguido.

O funcionário autárquico admite ter dado murros e pontapés a João Cerqueira, procurando ainda torcer-lhe o braço. Oficialmente, a PSP diz que o assaltante foi vítima de um mata-leão (manobra de jiu-jitsu que adormece a vítima), e que lhe terá cortado a respiração até ficar inconsciente. A irmã do homicida foi testemunha e ambos chamaram o socorro, via 112.

O óbito de João Cerqueira, no entanto, viria a ser declarado no local. Mas Túlio Araújo coloca em dúvida a causa da morte. "Do interrogatório, concluiu-se que quase de certeza a vítima não morreu de asfixia. Só a autópsia o dirá, daí a não aplicação da prisão preventiva", disse.

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Ana Paula Ramos, irmã de João Cerqueira, assegura que o familiar foi atacado por cinco ou seis pessoas, "incluindo mulheres". "Ele tem cadastro por assaltos, sim. Mas nunca feriu ninguém. Bateram-lhe, estrangularam-no até à morte, e até uma perna lhe partiram. É um crime", concluiu.

A Judiciária prossegue a investigação.

PORMENORES 

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Vítima deixa filha órfã

João Cerqueira deixa órfã uma filha de sete anos. Cumpriu cerca de seis anos de prisão por crimes de furto e vivia temporariamente com o pai, perto do local onde foi morto.

Suspeito em choque

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Segundo Túlio Araújo, advogado do suspeito, este ficou em choque após ter visto a morte de João Cerqueira. "Ele fartou-se de vomitar. Não sei quando voltará ao trabalho", explicou.

Autorrádio no bolso

No momento em que se comprovou o óbito, João Cerqueira tinha um autorrádio no bolso.

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