Mata rival por vingança e leva 16 anos de cadeia

Impossibilitou Jonathan Gutierrez de viver e de dois filhos conhecerem o pai", foi desta forma que a presidente do coletivo de juízes do Tribunal de Almada condenou esta terça-feira a 16 anos de cadeia o jovem que matou o rival à facada, no Seixal.

Na noite de 23 de maio de 2018, junto a um posto de combustível, em Belverde, André Lopes, agora com 25 anos, matou com uma facada no pescoço o jovem que nove anos antes o atacara com uma garrafa.

O tribunal não teve dúvidas que o arguido agiu por vingança pelo ocorrido em 2009. A juíza frisou até que Jonathan pagou pelo crime – o jovem cumpriu 12 meses de pena suspensa por ofensas à integridade física agravadas - e que nunca mais se atravessara no seu caminho ou o ameaçara. Mas André – continuou a magistrada – que nunca aceitou o pedido de desculpas do rival, decidiu que era pouco e guardou o desejo de fazer justiça com as próprias mãos. "Faz-me questionar que tipo de jovens estamos a criar que guardam tanto rancor", adiantou.

Na leitura do acórdão, a presidente do coletivo de juízes, lembrou também que André Lopes não demonstrou ter "real consciência das consequências dos seus atos": "O arguido teve sempre um discurso muito centrado nele próprio e na família e nunca falou do Jonathan, porque foi ele quem mais sofreu e a mãe dele e os dois filhos que perderam um pai."

Jonathan Gutierrez deixou dois filhos menores – um deles nem sequer tinha nascido quando o pai foi assassinado.

O Tribunal de Almada determinou ainda o pagamento de 30 mil euros de indemnização à mãe da vítima e de 60 mil euros ao filho mais velho de Jonathan, agora com três anos.

A família da vítima ainda aguarda o teste de paternidade referente ao filho mais novo, agora com cinco meses de idade, para que o menor possa ter direito a indemnização e a ter o sobrenome do pai.

PORMENORES

Mãe desesperada

Gladys Gutierrez, a mãe da vítima, ouviu a sentença em silêncio, mas, à saída da sala de audiências, teve de ser amparada pela filha e por amigos da família. A mãe de Jonathan Gutierrez queria uma pena mais pesada para André Lopes: "Sinto-me impotente, estava ali dentro mas não podia fazer nada".

Agentes da PSP

À semelhança das restantes sessões deste caso, no Tribunal de Almada, o coletivo de juízes pediu a presença de elementos da PSP à porta da sala devido às ameaças de morte de que André Lopes foi alvo, após o crime.