Rendas em Lisboa são “obstáculo” à entrada na universidade
Lista de espera para camas já supera a oferta na capital portuguesa.
"Há quem viva em Santarém e se desloque todos os dias para Lisboa." João Rodrigues, 17 anos, chega de Viseu para estudar Prótese Dentária, na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (UL). Mora em Benfica, é dono da casa onde vive, mas o relato de quem, caloiro como ele, tem de pagar "um preço absurdo por um quarto minúsculo" domina o retrato que traça das primeiras horas como universitário, na festa de boas-vindas da UL.
E tanto na Cerimónia Solene de Abertura do Ano Académico, no interior da Aula Magna, como na alameda da Cidade Universitária, o alojamento universitário dominou as intervenções.
"É imperativo dar resposta aos nossos estudantes que se deparam com a falta de alojamento a preços acessíveis nos principais centros universitários do País. Na UL, a relação entre procura e oferta de camas para estudantes é paradigmática da situação no País. Para as 93 vagas que ainda temos disponíveis das cerca de 1000 camas das nossas residências temos 326 novos estudantes em lista de espera", sublinhou António Cruz Serra, reitor da academia de Lisboa. Antes, Zélia Abegão, dos Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa, retratou o alojamento como o "maior obstáculo no acesso ao Ensino Superior".
"Hoje mesmo, colegas nossos não podem estar aqui sentados porque não tiveram os mesmos apoios para suportar a propina ou custear um quarto em Lisboa", destacou José Rodrigues, estudante, membro do conselho geral da UL, em discurso na Aula Magna.
"Podemos ser a primeira [geração] a viver pior que os nossos pais", antevê.
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