Dezenas fazem homenagem a PSP que "deu a vida" para defender vítima de violência doméstica

Perto de 30 pessoas, a maioria mulheres, concentraram-se junto ao local do crime, no Rossio de São Brás, em Évora.

14 de dezembro de 2020 às 15:09
Ramos de flores deixados no local onde ocorreu o atroplamento mortal Foto: Direitos Reservados
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Cerca de 30 pessoas, a maioria mulheres, concentraram-se esta segunda-feira no Rossio de São Brás, em Évora, para homenagear o agente da PSP atropelado mortalmente e que "deu a vida" para defender uma vítima de violência doméstica.

"Estamos aqui para prestar a nossa homenagem ao agente que foi ontem assassinado e, por outro lado, porque é muito importante haver uma sensibilização para uma maior defesa das vítimas de violência doméstica", disse a promotora da iniciativa, Ana Beatriz Cardoso.

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A homenagem, iniciada pouco depois das 13h00, na zona onde o agente da PSP foi atropelado no sábado à noite, acabando por morrer no hospital já no domingo, durou pouco mais de meia hora e foi organizada pela Associação "Ser Mulher", de Évora, juntando sobretudo mulheres, mas também alguns homens.

Junto do quiosque do Rossio de São Brás - onde já se encontravam vários ramos de flores e velas, algumas acesas, que têm vindo a ser colocados por familiares e amigos do PSP e outros habitantes da cidade -, os participantes da iniciativa também deixaram flores.

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O agente da PSP, de 45 anos, morreu às 00h54 de domingo, no Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), horas depois de ser atropelado por uma viatura que seria conduzida por um guarda prisional, de 52 anos, que fugiu e foi intercetado mais tarde pela GNR.

O agente não estava de serviço, no sábado à noite, mas abordou uma situação de violência doméstica que presenciou na rua, envolvendo alegadamente o guarda prisional e a respetiva companheira, e acabou por ser atropelado pelo suposto agressor.

Ana Beatriz Cardoso, da "Ser Mulher", associação centrada na promoção e defesa dos direitos das mulheres, em especial das vítimas de violência doméstica, argumentou que, além da covid-19, existe "outra pandemia" no país.

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"É muito importante relembrar que, além da pandemia que nós estamos a viver, estamos a passar por uma outra pandemia, há muitos anos, que é precisamente o crime de violência doméstica", afirmou.

Segundo a responsável, "lamentavelmente, continua a haver" em Portugal "uma impunidade" relativamente a muitos crimes de violência doméstica.

Na convocatória para a concentração desta segunda-feira, publicada na rede social Facebook, a associação convidava os interessados para participarem na iniciativa em honra do agente da PSP, que "deu a vida para defender uma mulher".

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"Teve uma atuação muito brava" e "é lamentável este desfecho", considerou Ana Beatriz Cardoso.

O agente da PSP que morreu "interveio para fazer cessar o crime em curso" de violência doméstica, em que o guarda prisional alegadamente "arrastou a mulher pelo chão e obrigou-a a entrar numa viatura", mas, "ao tentar impedir a fuga do agressor, o polícia foi atropelado" e "arrastado cerca de 40 metros" pela viatura do suspeito, revelou o Comando Nacional da PSP.

O alegado homicida foi intercetado às 03:50 pela GNR, na freguesia de Ranholas, no concelho de Sintra (Lisboa), junto ao estabelecimento prisional local, onde trabalhava, revelou à Lusa fonte da guarda. Foi mais tarde efetuada a detenção formal pela PJ.

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O caso está entregue à Polícia Judiciária e o suspeito é durante a tarde de hoje presente a um juiz de instrução criminal.

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