"A São queria matar-me". Jair confessa homicídio mas apresenta à juíza versão de legítima defesa
Durante duas horas, contou à juíza que foi São quem avançou para ele com a faca. Foi quando a desarmava que a esfaqueou na barriga, alegou.
Jair Pereira, de 54 anos, apresentou segunda-feira em primeiro interrogatório judicial uma versão de legítima defesa. Confessou que matou Conceição Figueiredo, de 69, a 18 de maio, mas indicou que agiu depois da mulher, com quem chegou a manter uma relação no verão do ano passado, ter pegado na faca. “Ela queria matar-me”, terá dito à juíza do tribunal de instrução criminal de Aveiro, que não ficou nada convencida com essas declarações e que lhe aplicou a prisão preventiva. Vai ficar na cadeia de Aveiro até ao julgamento.
Durante duas horas, Jair explicou mesmo à magistrada que foi São quem avançou para ele com a faca. Foi quando a desarmava que a esfaqueou na barriga, a 18 de maio. Porém, o relatório da autópsia, que não foi conclusivo devido ao estado de decomposição em que o corpo se encontrava, permitiu perceber que foram, pelo menos, 10 as facadas que foram desferidas na barriga de Conceição. Isso mesmo também comprova a roupa que a mulher vestia na altura do crime. O corpo foi localizado no dia 1 de junho, numa zona de mato, em Mortágua. Conceição estava descalça. Os sapatos estavam a vários metros do corpo.
E são várias as provas que estão na posse das autoridades. O diário pormenorizado que Jair escreveu à mão num caderno indicam tudo aquilo que fez, por onde passou e até o que comeu nos 20 dias em que esteve em fuga às autoridades. Com ele havia até um verdadeiro kit de sobrevivência: roupa lavada e passada a ferro, pão e chouriço.
Na sua carrinha, por exemplo, além dos óculos de sol e de vestígios de sangue, os inspetores da Polícia Judiciária de Aveiro encontraram ainda uma garrafa de água, igual às garrafas vendidas na danceteria da Palhaça, em Oliveira do Bairro, onde esteve com Conceição a 18 de maio.
Jair não constituiu mandatário. O advogado que o defendeu no primeiro interrogatório foi nomeado pelo Estado. Esse advogado aconselhou Jair a falar à juíza, mas a estratégia utilizada não o livrou de ir para a cadeia.
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