"A prioridade é comprar o CM"

Calar o Correio da Manhã era objetivo em 2009.

29 de outubro de 2015 às 08:30
29-10-2015_03_51_50 6-7 fernando soares carneiro armando vara.jpg Foto: Pedro Elias e Paulo Novais/Lusa
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Dia 24 de junho de 2009. Armando Vara e Fernando Soares Carneiro, administrador da Portugal Telecom, falavam ao telefone. O tema era o Correio da Manhã. A necessidade de comprar o título da imprensa diária que liderava as vendas e que mais irritava José Sócrates.

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Esta e outras escutas fundamentaram o pedido de António Gomes, juiz de instrução da Comarca de Aveiro, no processo Face Oculta. O magistrado não teve dúvidas. Havia suspeitas de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Pediu uma investigação autónoma, que nunca aconteceu. O caso foi liminarmente arquivado.

São inúmeras as conversas que mostram esta realidade. Foram enviadas para a Assembleia da República, para o inquérito entretanto aberto e encerrado sem consequências para os envolvidos.

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A 24 de junho, a conversação entre Soares Carneiro e Vara não deixava dúvidas. Soares Carneiro diz a Vara que, "por indicação de cima", foi acordado que se tentaria comprar o Correio da Manhã ou mesmo a Cofina. Era esse, garantiu, o objetivo da Portugal Telecom.

Fernando Soares Carneiro vai mais longe. Diz que a dívida da Cofina está na Caixa Geral de Depósitos e no BCP, do qual Vara era administrador. Soares Carneiro já tinha a garantia do apoio da Caixa. A ajuda de Vara era uma obrigatoriedade.

A conversa continua. Soares Carneiro deixa no ar a hipótese de que Sócrates já tenha sido informado. A expressão usada é que já falou com o gabinete do amigo de Armando Vara. Do "amigo lá de cima", explica.

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Nessa altura, diz a investigação, já Vara sabia que estava sob escuta. Também Sócrates teria conhecimento da investigação. Os interlocutores foram avisados e tentaram depois "corrigir" a conversa.

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