"A prioridade é comprar o CM"
Calar o Correio da Manhã era objetivo em 2009.
Dia 24 de junho de 2009. Armando Vara e Fernando Soares Carneiro, administrador da Portugal Telecom, falavam ao telefone. O tema era o Correio da Manhã. A necessidade de comprar o título da imprensa diária que liderava as vendas e que mais irritava José Sócrates.
Esta e outras escutas fundamentaram o pedido de António Gomes, juiz de instrução da Comarca de Aveiro, no processo Face Oculta. O magistrado não teve dúvidas. Havia suspeitas de atentado contra o Estado de Direito Democrático. Pediu uma investigação autónoma, que nunca aconteceu. O caso foi liminarmente arquivado.
São inúmeras as conversas que mostram esta realidade. Foram enviadas para a Assembleia da República, para o inquérito entretanto aberto e encerrado sem consequências para os envolvidos.
A 24 de junho, a conversação entre Soares Carneiro e Vara não deixava dúvidas. Soares Carneiro diz a Vara que, "por indicação de cima", foi acordado que se tentaria comprar o Correio da Manhã ou mesmo a Cofina. Era esse, garantiu, o objetivo da Portugal Telecom.
Fernando Soares Carneiro vai mais longe. Diz que a dívida da Cofina está na Caixa Geral de Depósitos e no BCP, do qual Vara era administrador. Soares Carneiro já tinha a garantia do apoio da Caixa. A ajuda de Vara era uma obrigatoriedade.
A conversa continua. Soares Carneiro deixa no ar a hipótese de que Sócrates já tenha sido informado. A expressão usada é que já falou com o gabinete do amigo de Armando Vara. Do "amigo lá de cima", explica.
Nessa altura, diz a investigação, já Vara sabia que estava sob escuta. Também Sócrates teria conhecimento da investigação. Os interlocutores foram avisados e tentaram depois "corrigir" a conversa.
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