Audição em tempo recorde de 45 minutos na comissão de inquérito ao furto de Tancos
Comandante de uma unidade de apoio à Brigada de Reação Rápida que disse não saber, nem poder responder a perguntas dos deputados.
A comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos fez esta quinta-feira a sua audição mais curta, ao comandante de uma unidade de apoio à Brigada de Reação Rápida que disse não saber, nem poder responder a perguntas dos deputados.
O tenente-coronel Pedro Miguel Marques é o atual comandante da Unidade de Apoio à Brigada de Reação Rápida (BRR), responsável pela coordenação da segurança aos paióis nacionais de Tancos, e que tomou posse em 2018, mais de dois anos depois do furto.
E foi esse o argumento usado pelo militar para dizer que desconhecia factos de 2017, porque não estava em funções, ou, por exemplo, que soube "por ouvir dizer" que o sistema de vigilância, vídeo e sensores, "estava inoperacional" na altura do roubo.
Como este tipo de respostas se repetia, o deputado do PCP Jorge Machado apenas agradeceu a presença do oficial do Exército e optou por não fazer perguntas, depois de tanto Rui Silva, do PSD, como Telmo Correia, do CDS-PP, terem dito que a audição tinha "pouca pertinência".
No final da primeira ronda, os partidos desistiram de fazer a segunda e terceira rondas.
Sem querer comentar as declarações do ex-Chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte que disse ter havido desleixo dos comandantes militares, Pedro Miguel Marques também não foi perentório sobre se o reduzido número de militares a fazer as rondas aos paióis (seis) terá contribuído para o furto.
Assim, da audição ficam apenas alguns pormenores, como, por exemplo, a informação de que as rondas à volta dos paióis continuam a ser feitas por três militares, um sargento e dois praças.
Ou ainda que "só no papel" foram atribuídos 44 militares, em permanência, como está escrito num relatório oficial e depois citado pelo CDS-PP, para fazer as rondas e não apenas os oito que efetivamente tinham essa missão.
O furto do material militar, entre granadas, explosivos e munições, dos paióis de Tancos foi noticiado em 29 de junho de 2017 e parte do equipamento foi recuperado quatro meses depois.
O caso do furto de armas em Tancos ganhou importantes desenvolvimentos em 2018, tendo sido detidos, numa operação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, sete militares da Polícia Judiciária Militar (PJM) e da GNR, suspeitos de terem forjado a recuperação do material em conivência com o presumível autor do roubo.
A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos tem previstas audições a mais de 60 personalidades e entidades, vai decorrer até maio de 2019 e é prorrogável por mais 90 dias.
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