BLINDADOS EM TESTES

A força da GNR no Iraque vai finalmente começar a ser dotada com blindados próprios, com a chegada a Portugal dos três primeiros Iveco 'Proteto', que começaram a ser testados. Segundo fonte da GNR contactada pelo Correio da Manhã, as três viaturas ligeiras de rodas - dotadas de uma blindagem capaz de resistir a projécteis de armas ligeiras e estilhaços de granadas - deverão seguir para Nassíria "nos próximos dias".

27 de dezembro de 2003 às 00:00
BLINDADOS EM TESTES Foto: d.r.
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A encomenda é de 21 viaturas e servirá, na totalidade, para equipar o Subagrupamento Alfa que, em breve, vai mudar-se de Nassíria para Talil. "As 21 viaturas vão seguir para o Iraque à medida que forem chegando. Primeiro serão estas três. Em Janeiro, devem chegar mais algumas e as restantes vão sendo fornecidas", adiantou a mesma fonte.

Com as viaturas blindadas deverão seguir também para o Iraque as novas espingardas HK G-36 para substituir as G-3. "O cumprimento da missão não está de forma nenhuma em causa, mas o trabalho é facilitado com mais material disponível", adiantou o responsável.

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A instrução e adaptação dos militares às viaturas será feita, de acordo com a fonte, "com equipamento semelhante de que dispõe a Guarda". Os veículos estão a ser fabricados em Itália, na fábrica da Iveco, e os três primeiros foram desembarcados esta semana no porto de Setúbal, após o que foram transportados para a fábrica da Iveco em Portugal, em Castanheira do Ribatejo.

VÁRIOS USOS

Ontem os três blindados foram levados para o Regimento de Infantaria n.º 1, na Carregueira, para testes de tiro e de condução todo-o-terreno. São viaturas já bem conhecidas, em particular das forças italianas, que as utilizam no Iraque ao serviço dos 'carabinieri', enquanto as forças especificamente militares usam blindados mais pesados. Têm sido, aliás, estas forças que vêm emprestando as suas próprias viaturas ao subagrupamento português, um contrato que surte efeito até todos os veículos blindados comprados chegarem a Nassíria.

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As 'Proteto', se bem que estejam em serviço no Iraque desde o princípio da missão militar italiana, já têm sido utilizadas em outros teatros de operações, como a Bósnia e o Kosovo, e constituem uma adaptação da viatura táctica ligeira Iveco ao serviço do Exército português, representando uma vantagem em termos de manutenção, já que o órgão mecânico é o mesmo. A grande desvantagem é a falta de protecção contra minas, se bem que possa ser dotada de um 'kit' contra este risco, que não tem existido no Iraque.

Os veículos serão usados no patrulhamento, mas permitem levar os homens, após o que desembarcam, progredindo a pé e protegidos pela metralhadora média da 'Proteto'. Os militares a transportar podem ainda fazer fogo a partir do interior, pois o veículo dispõe de escotilhas e janelas com vidros à prova de bala. Pode ainda efectivar escoltas de colunas, assim como o estabelecimento de segurança em 'check-points'.

PORTUGUESES LEVARAM EM CONTAREGRAS DE ACTUAÇÃO NO PAÍS

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Os militares do subagrupamento Alfa da GNR, que se encontram colocados no Iraque, "estão a actuar dentro dos compromissos assumidos para a sua participação, tal como sucede em qualquer missão", referiu ontem ao CM fonte da GNR, comentando a informação avançada pelo jornal 'Público' sobre um memorando secreto assinado em Outubro por nove países que integram a Divisão Multinacional no Iraque.

O acordo, que foi assinado pelo Ministério da Administração Interna português, estipula, entre outras situações, os casos em que os militares da GNR podem atirar a matar: defesa própria e de terceiros, para impedir a destruição de instalações militares e infiltrações num conjunto de outras infra-estruturas.

As regras de actuação no Iraque, que todos os países com tropas presentes no terreno assinam, determinam ainda que a GNR pode fazer detenções, deportações, buscas domiciliárias sem mandado e apreensões diversas.

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