Câncio critica relação de Sócrates com amigo

Ex-namorada fala de situação "eticamente reprovável".

11 de maio de 2016 às 17:28
fernanda câncio, jornalista, operação marquês, josé sócrates Foto: Jorge Paula
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"Se fizesse ideia da relação pecuniária entre Carlos Santos Silva e José Sócrates teria feito perguntas por considerar a situação, no mínimo, eticamente reprovável." É assim que a jornalista Fernanda Câncio, ex-namorada de José Sócrates comenta os avultados empréstimos em dinheiro que o ex-primeiro ministro admite ter recebido do empresário Carlos Santos Silva.

 

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Num longo artigo que faz capa da edição desta quarta-feira da revista ‘Visão’, Câncio defende a sua inocência no caso em que José Sócrates e Santos Silva sãos suspeitos de corrupção e branqueamento de capitais (entre outros crimes). Argumenta que nunca teve conhecimento de qualquer transação financeira suspeita. E explica que sempre teve ideia que Sócrates era rico. "Além de crer que José Sócrates tinha acesso a dinheiro de família, e de este me ter dito que auferia um alto salário como consultor, ele era proprietário de um apartamento que valia perto de um milhão de euros".

 

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Sócrates dizia ganhar 25 mil euros por mês

A jornalista justifica não ter estranhado que Sócrates e Santos Silva pagassem a meias as férias que fizeram a quatro numa luxuosa casa de na ilha espanhola de Formentera, pelo nível de rendimentos que este dizia ter. "Quem aufere uma avença de 25 mil euros/mês (que JS me disse receber) pode decerto pagar a meias um aluguer como o da casa em Formentera, e cujo valor eu conhecia. Não me passou pela cabeça outro raciocínio", escreve na Visão.

 

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Fernanda Câncio garante que a prisão de Sócrates foi para ela "um enorme choque". E sobre o apartamento de Paris, defende que "foi pela revista Sábado que soube ser Carlos Santos Silva o proprietário de um apartamento que JS usara". Garante que nunca viu o imóvel, assim como nega a intenção de comprar uma casa de 2,2 milhões de euros em Lisboa ou uma propriedade em Tavira em conjunto com Sócrates, apesar de admitir o interesse deste. Sobre as escutas de conversas suas que aparecem no processo e em que são referidas estas propriedades, Fernanda Câncio diz que as conversas foram retiradas de contexto. Explica que tem uma amiga agente imobiliária a quem Sócrates manifestou interesse na casa de Tavira e diz que a referida casa de Lisboa fica em frente ao seu apartamento e que apenas ligou a perguntar o preço "por curiosidade", sem nunca ter chegado a visitá-la.

 

A jornalista também justifica a mensagem que enviou por SMS a Sócrates, em que dizia "Não há assim tantos ex pm com massa e casa em Paris". Sobre a casa, Câncio diz que estava convencida de que o imóvel "tinha sido arrendado a proprietários franceses". Já quanto à fortuna do político, acreditou que esta vinha da família.  "Conheço pessoalmente JS desde 1998 e conheci a partir de 2000 a família alargada, verificando que todos vivem com desafogo. Além disso, pelo menos desde que JS ascendeu a Secretário-Geral do PS, em 2004, saíram regularmente notícias em que se falava da fortuna da família, se dizia que a mãe é rica, que o avô era rico, que os tios são ricos, que o próprio possuía um apartamento  ‘de luxo’, que fazia férias ‘de luxo’, que se vestia em boas lojas. Enfim, que tem massa".

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A jornalista diz entender que possam haver dúvidas de que alguém que tenha vivido com Sócrates não se tenha apercebido dos negócios deste com o amigo Santos Silva. "Aquilo que tem sido publicado e que o próprio JS (assim como Carlos Santos Silva) já assumiu, faz difícil perceber que alguém tido como próximo não tivesse pelo menos estranhado o que se revelou ser a disponibilidade financeira deste graças ao ‘dinheiro vivo’ proveniente de CSS". Mas Fernanda Câncio justifica-se: "Não só nunca me foi mostrada essa circulação como de dinheiro como durante os períodos em que convivi com JS nunca o vi efetuar compras de valores incompatíveis com aquilo que eu acreditava ser a sua capacidade económica.

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