Dados de Vicente limpos ao estilo do Face Oculta
Antiga secretária de Orlando Figueira inspirou-se no processo de Aveiro para eliminar as referências a Manuel Vicente.
A funcionária judicial que trabalhou com o ex-procurador Orlando Figueira, que responde por corrupção no processo Fizz, inspirou-se no caso Face Oculta para apagar os dados de Manuel Vicente, ex-vice-presidente de Angola, num inquérito que o visava no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
"A única hipótese era cortar com um x-ato" como se fez no Tribunal de Aveiro - neste caso o Supremo Tribunal ordenou a destruição de escutas que envolviam o ex-primeiro-ministro José Sócrates. Isabel Conceição disse que nunca tinha feito nada semelhante e que até pediu conselhos aos colegas.
Ainda tentou apagar as referências com corretor, mas sem sucesso. Segundo a funcionária, Orlando Figueira transmitiu-lhe que aquele processo era "urgente por estar em causa o bom-nome da pessoa".
As referências sobre a vida privada de Manuel Vicente foram apagadas por não constituírem meio de prova. O inquérito, relacionado com a compra de imóveis no Estoril, acabou por ser arquivado. A acusação refere que Orlando Figueira foi subornado pelo ex-vice de Angola.
Ex-mulher de procurador não quis depor
A ex-mulher de Orlando Figueira optou ontem por não depor em julgamento. Maria de Lurdes Lemos permaneceu na sala para assistir ao depoimento da funcionária do DCIAP. Horas depois, após conversa com Carla Marinho - advogada de Orlando Figueira - durante o intervalo da sessão, quis voltar atrás e prestar esclarecimentos ao tribunal, mas o juiz presidente, Alfredo Costa, não autorizou porque a testemunha tinha ficado na sala.
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