"Deus quis levar este herói": Covilhã chora morte de bombeiro que morreu a caminho de fogo no Fundão

Daniel Argelo, o soldado da paz que perdeu a vida a caminho de um fogo, tinha 44 anos e deixa um filho de 14.

19 de agosto de 2025 às 01:30
Chegada do corpo ao quartel Foto: Direitos Reservados
Daniel Argelo Foto: Direitos Reservados
Ambiente de consternação Foto: Direitos Reservados
Marcelo foi ao velório Foto: Direitos Reservados

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Eram 18h38 quando o corpo do bombeiro Daniel Bernardo Agrelo chegou à cidade da Covilhã, em ambiente de enorme consternação. Era ele que conduzia o autotanque que se despistou numa ravina, domingo, a caminho de um incêndio, no Fundão. Não resistiu à violência do acidente. Daniel, de 44 anos, servia a corporação há duas décadas, primeiro como voluntário, de 2005 a 2007, e desde então como funcionário. Um homem de trato fácil, um grande operacional, irrepreensível em todos os aspetos, diz Joaquim Matias, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros da Covilhã, que com ele partilhou o dia a dia. Um homem muito zeloso, “um bom amigo”, nas palavras de Joaquim Matias. “Deus quis levar este herói”, acrescenta.

“Partiu para defender pessoas e bens, mas já não chegou com vida. Partiu sem nos dizer adeus”, lamenta, emocionado e em lágrimas. Deixa mulher e um filho de 14 anos. O funeral realiza-se hoje de manhã. É a segunda vez que os voluntários da Covilhã perdem um homem num acidente. É também a segunda vítima mortal dos incêndios deste ano.

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Seguiam com Daniel outros quatro bombeiros. O mais grave foi transportado para os hospitais da Universidade de Coimbra, onde se encontra internado nos cuidados intensivos. Não correrá perigo de vida. Os outros três foram para o Hospital da Covilhã. Estão a reagir bem, embora um deles se encontre nos cuidados intensivos. Outro já teve alta.

Apesar da dor, a corporação vai manter-se no teatro de operações. “Continuamos o combate nesta guerra desigual. As freguesias vivem um pandemónio. Estão encurraladas num inferno e nós estamos lá para as ajudar a sair dele”, garante o vice-presidente da associação, José Vicente. “Não podemos baixar os braços”, afirma este responsável.

O balanço feito ontem pela Proteção Civil confirma as palavras de José Vicente. Os fogos continua a não dar descanso, reduzindo a paisagem a cinzas. “O nosso dispositivo está a 100% no terreno, disponível, não obstante estes 24 dias seguidos de severidade meteorológica, como não há registo no nosso país”, diz o primeiro-ministro, que assistiu ao balanço feito ontem ela Proteção Civil. Para já, o estado de alerta mantém-se até amanhã.

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