Dez GNR vingam agressão com tortura

Militares pretendiam obter informações à força sobre grupo que espancou colegas num bar.

05 de fevereiro de 2018 às 01:30
Homens foram alvo de violência por parte dos militares, apresentaram queixa e reconheceram presencialmente os guardas Foto: CMTV
Tribunal de Aveiro Foto: Nuno Fernandes Veiga
Tribunal de Aveiro Foto: Miguel Pereira da Silva
Tribunal de Aveiro Foto: Direitos Reservados

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Após as agressões a três militares da GNR que estavam de folga, num bar da praia da Torreira, na Murtosa, a 30 de agosto de 2015, foi montada uma operação policial para identificar os 30 elementos do grupo.

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Nesta verdadeira caça ao homem, três homens foram espancados e torturados pelos guardas. O Ministério Público (MP) de Aveiro fala em "vingança" e acusa dez guardas dos crimes de tortura e outros tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos, ofensas à integridade física qualificada e sequestro qualificado.

A operação policial, que foi descrita, na altura, como de fiscalização, ocorreu no dia seguinte às agressões. Os guardas intercetaram dois homens, irmãos de dois dos suspeitos. Queriam que eles atraíssem os familiares para que fossem identificados.

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Foram levados para o posto da Murtosa para que dissessem o que sabiam. "Não te vi lá, mas só por seres do grupo também apanhas", disse um dos guardas ao irmão de um dos suspeitos, antes de o agredir violentamente.

O homem "foi encaminhado para a casa de banho para limpar o sangue que jorrava da boca", diz o MP. Neste local, um dos militares "sacou da arma de serviço" e encostou-a ao peito do homem: "Para a próxima espeto-te um tiro nos cornos", ameaçou.

Já outra vítima foi "obrigada a rastejar até à saída do posto", enquanto um GNR lhe pisava as mãos. "É para sentires o que os meus colegas passaram", disse. A terceira vítima é um dos agressores que a GNR procurava. Quando saiu, tinha dois dentes partidos.

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Violência no bar sobre os militares está em julgamento   

As agressões aos militares Fábio Pereira, Fábio Santos e Daniel Leite, que deram origem à ação da GNR, já estão a ser julgadas no tribunal de Aveiro.

No banco dos réus, estão sentados cinco elementos do grupo que, segundo a GNR, era composto por trinta homens.

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Os três militares, que também são arguidos no processo de tortura, constituíram-se assistentes e exigem indemnização aos agressores, por causa dos ferimentos sofridos e do tempo em que estiveram de baixa médica.

PORMENORES

Reconhecimentos

Os dez militares arguidos neste processo foram reconhecidos presencialmente pelas vítimas. O CM sabe que a defesa tentou evocar uma irregularidade nesta diligência processual, mas o prazo já tinha expirado. 

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Humilhação

Uma das vítimas foi obrigada a sentar-se num meco, diz o MP. O homem caiu e foi obrigado a sentar-se novamente no meco, O objetivo, segundo a acusação, era continuar a humilhá-lo.

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