Dragagem do Sado põe em risco as praias e os golfinhos
Declaração de impacto ambiental alerta para riscos. Governo garante segurança.
O Ministério do Mar assinou esta quarta-feira o contrato de 24,5 milhões de euros (14,8 milhões são financiamento comunitário) para a melhoria de acessibilidades marítimas do Porto de Setúbal, que prevê a dragagem do Rio Sado para permitir a entrada de navios de grande porte. Os trabalhos deverão arrancar ainda este mês e a conclusão é esperada em maio de 2019.
A associação ambientalista Quercus está preocupada com os impactos ambientais. "A própria Declaração de Impacto Ambiental (DIA) reconhece que o projeto pode criar uma dinâmica costeira complicada em praias como o Portinho da Arrábida e Galápos, já muito afetadas com a diminuição de areia", disse ao CM Nuno Sequeira, da Quercus.
Também a população de 30 exemplares de golfinhos roazes-corvineiros que habita no Sado pode ser afetada. "A DIA refere que o ruído subaquático produzido pelos trabalhos irá afetar as presas dos roazes e há o risco de presas e predadores se afastarem da área". Também "o aumento do movimento de navios pode fazer com que os golfinhos se vão embora", avisa João Branco, presidente da Quercus.
Segundo a DIA, a dragagem vai também deixar "os fundos e as pradarias marinhas completamente devastadas". A Quercus estranha que a discussão pública do projeto, que ocorreu o ano passado, tenha passado ao lado dos setubalenses.
Lídia Sequeira, presidente do conselho de administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, garante que "o impacto será mínimo" nos roazes.
Já a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, diz que o objetivo é que Setúbal compita com outros portos portugueses e se torne um dos portos preferenciais das regiões espanholas da Estremadura e da Andaluzia.
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