"Com 15 anos peguei numa arma, coloquei à cintura e nunca mais a tirei": a carta que 'El Ruso' escreveu na prisão de Monsanto

Recluso em fuga da cadeia de Vale de Judeus chegou a ser um dos criminosos mais procurados pela Interpol.

07 de setembro de 2024 às 19:23
Rodolfo "El Ruso" Lohrmann Foto: Direitos Reservados
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Rodolf Lohrmann, mais conhecido por ‘El Ruso’, chegou a ser um dos criminosos mais procurados pela Interpol. É agora um dos cinco reclusos em fuga da cadeia de Vale de Judeus. Foi preso por assaltos em Portugal e já em 2019 mandou a partir da cadeia de Monsanto uma carta para um jornal na Argentina. Relatava como entrou no mundo do crime. 

"Quando eu tinha 15 anos peguei numa arma, coloquei à cintura e nunca mais a tirei. Acho que foi o meu destino. Ficou marcado, como o de tantos criminosos (...) O que não nos mata fortalece-nos, deixa-nos mais gordos. Sou ladrão de coração e não por necessidade", dizia numa carta com mais de 40 páginas. 

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Não deu detalhes dos crimes violentos que lhe foram imputados aos longos dos anos, mas assumiu que cometeu assaltos. "Durante toda a vida dediquei-me aos bancos e aos veículos blindados. São minha especialidade. Uma mentira que sempre contaram é sobre as minhas operações. Nunca alterei o rosto. Se fizesse isso estaria a ser desrespeitoso para com Deus. Era como se não confiasse na sua proteção", alegou. 

'El Ruso’ explicou também que chegou a estar em situações muito perigosas, uma vida que não recomenda.  

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"No total, tenho 11 tiros no corpo. Os três primeiros foram em Buenos. Graças aos roubos tive muitos luxos, mas não recomendo a vida de criminoso a ninguém. É por isso que nunca quis que meus filhos o fossem. Reconheço que o que faço não está certo. Não nego tudo que fiz na minha vida, nem me arrependo. Os roubos trazem muitas coisas materiais, mas nada disso vale a pena quando não se consegue ver os filhos crescer, dar o amor de um pai. São coisas que não valem todo o ouro do mundo junto", concluiu. 

Rodolf também falava da sua vida na cadeia de Monsanto.  

"Todos os dias corro entre 8 e 14 quilômetros e faço 2 mil abdominais. Jogo futebol e na biblioteca leio muito e jogo dominó, xadrez, cartas. As visitas são como nos filmes. As duas ligações semanais não são suficientes para falar com toda a minha família", concluía. 

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