Mãe drogou bebé que escondeu na mala do carro
Estado de saúde da criança era comparável a vítimas de guerra e chocou médico.
Os exames forenses feitos aos cabelos de Serena, a menina portuguesa que foi escondida pela mãe na mala do carro durante quase dois anos, em França, confirmam que a menina foi medicada com substâncias químicas presentes em medicamentos que são utilizados como analgésicos e anestesiantes.
"Nenhuma dessas substâncias é indicada para crianças com menos de seis anos e é discutível o uso em menores. E quando ela foi encontrada tinha 23 meses", esclareceu esta segunda-feira no tribunal de Tulle, França, o pediatra que observou a menina nas horas seguintes a ser descoberta, em outubro de 2013.
O perito explicou que "só viu crianças no estado de Serena nas guerras do Leste da Europa" e que o caso o deixou chocado: "Já vi muito raquitismo, mas nunca nada como esta menina. Em França já não há nenhuma criança assim há muitos, muitos anos", afirmou.
A portuguesa Rosa Cruz começou, esta segunda-feira, a ser julgada e perante o coletivo de juízes e os seis jurados afirmou estar arrependida: "É muito duro ser confrontada com esta realidade, com o mal que lhe fiz. Não li a acusação, não queria saber o mal que lhe tinha feito. Lamento imenso", afirmou a arguida, de 50 anos, desempregada, a quem a Justiça devolveu os outros três filhos, com idades entre os 9 e 17 anos.
Esta terça-feira volta a ser inquirida após o testemunho de mais especialistas e familiares. Esta segunda-feira chegou a emocionar-se.
PORMENORES
Crime
Rosa Cruz, oriunda da Póvoa de Lanhoso mas emigrada, responde por maus-tratos e violência agravada e continuada sobre menores. Arrisca ser condenada a 20 anos de cadeia.
Larvas e fezes
"Na mala do carro havia larvas, moscas, minhocas, fezes e fraldas sujas. O cheiro era nauseabundo. Ela viveu longos meses naquele estado de negligência", relatou esta segunda-feira um polícia em tribunal.
Marido ausente
O marido de Rosa Cruz, que escapou a ser arguido no caso, faltou à sessão, alegando que caiu em casa e teve de ir ao hospital. Mas o juiz já avisou que não vai dispensar de o ouvir como testemunha.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt