"Vi crianças a chorar, foi horrível"
Sobreviventes relatam momentos de pânico. Portas dos autocarros não abriam e o desespero instalou-se.
"Milagre." Esta era a palavra pronunciada anteontem, poucos minutos após o acidente em Palência, entre os que sobreviveram. Há mesmo quem acredite que existiu intervenção divina. Certo é que os 56 passageiros que escaparam garantem que nunca vão esquecer os momentos de terror e sofrimento. Entre eles estava um bebé de 13 meses, que sofreu ferimentos ligeiros.
"Vi crianças a chorar, foi horrível. Senti pânico, muito pânico. Não sabia o que fazer", disse em declarações à imprensa espanhola Maria, uma emigrante.
O desespero era muito. As pessoas amontoavam-se junto às portas dos autocarros, que se encontravam trancadas. Queriam sair a todo o custo. "Foi muito difícil sair do autocarro, pois estávamos trancados lá dentro. Tive de partir um vidro para fugir e depois consegui finalmente abrir a porta traseira e ajudar as outras pessoas a abandonarem a viatura", explicou à imprensa espanhola António, marido de Maria e que seguia no autocarro de trás. O sobrevivente garante que ainda gritou, que tentou alertar os companheiros de viagem para a colisão iminente.
"O autocarro da frente travou e eu vi que o nosso ia bater por trás. Eu só gritei ‘cuidado, cuidado’. Aconteceu tão de repente", acrescenta António. António e Maria seguiram logo para França num outro autocarro.
Já os feridos foram encaminhados para o hospital. O caso mais grave era o de Domingos Paranta, de 79 anos, natural de Boticas. O idoso está internado no Hospital de Valladolid e o seu estado é muito reservado.
"No estado em que está, e na idade dele, já não temos muita esperança de que recupere completamente", disse, entre lágrimas, António Paranta, filho do idoso.
Existe mesmo o risco de que Domingos Paranta não volte a poder andar. "Os médicos dizem que ele pode não conseguir mexer novamente as pernas. Tem problemas na coluna e nos pulmões ", contou António.
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