Guarda da GNR acusado de falta de zelo em queixa de violência doméstica contra autarca de Vizela

A GNR acusou um cabo-chefe do posto de Vizela de ter violado o dever de zelo, por não ter enviado uma patrulha ao local, depois de receber uma queixa de violência doméstica por parte da mulher do presidente da câmara municipal, Victor Hugo Salgado.

A acusação disciplinar concluiu que "o arguido foi negligente ao não usar os meios e capacidades que tradicionalmente se empregam para resolver ocorrências semelhantes", cita o Jornal de Notícias.

Segundo o advogado do cabo-chefe, João Magalhães, o arguido afirma que a acusação está "eivada de fundamentalismo, demagogia e autoritarismo".

O telefonema ocorreu no dia 27 de fevereiro. Segundo a acusação, o cabo-chefe disse à vítima, que acusava Victor Hugo Salgado de violência doméstica, para se apresentar no posto depois de ligar ao 112 e bombeiros e receber tratamento hospitalar. "Não efetuou nenhuma diligência, nem prática, nem escrita relacionada com a situação, nem registou a chamada no relatório de atendimento", diz a acusação, referindo que o arguido demonstrou arrependimento no interrogatório.

A acusação referiu ainda que o cabo-chefe é um "militar disciplinado, leal, cumpridor e preocupado com o serviço".

A defesa diz que ir à casa do autarca era inviável por não haver flagrante delito e não faria sentido enviar o único veículo disponível, pois a mulher não indicou onde estava. O advogado entende que a "patrulha de ocorrências" é responsável por situações de "maior nível de urgência", e sublinha que "a vítima podia fazer a denúncia do caso junto das entidades hospitalares, sem haver qualquer necessidade de deslocação [da GNR] ao local".

A mulher foi pelo próprio pé ao Hospital de Guimarães e prestou queixa à PSP, tendo retirado a mesma mais tarde. O Ministério Público reabriu o inquérito.