Homicida da A16 foi tratado em hospital privado em segredo

Um dos responsáveis pela morte de João Carlos Silva foi atingido pelos cúmplices.

27 de julho de 2017 às 01:30
João Carlos Silva foi assassinado durante a fuga do gang, na A16, a 28 de fevereiro de 2016 Foto: Direitos Reservados
Ricardo Pinto, ‘O Gordo’, ficou ferido num pé após disparo de cúmplice Foto: Vítor Mota
Continente no Lourel, Sintra, onde atacaram um blindado Foto: Vítor Mota
Continente no Lourel, Sintra, onde atacaram um blindado Foto: Vítor Mota
ADN, homicidas, A16, crime, roubo, assalto, pj, Unidade de Contraterrorismo, Cascais, Sintra Foto: Vítor Mota
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Cenário do crime na A16, em que condutor foi morto em carjacking Foto: Vítor Mota

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Ricardo Pinto, o ‘Gordo’, de 30 anos, um dos seis operacionais do roubo à carrinha de valores do Continente do Lourel, em Sintra, que na fuga mataram a tiro um condutor inocente em plena A16, a 28 de fevereiro de 2016, foi acidentalmente ferido pelo disparo de outro assaltante, durante o crime, e pouco depois do homicídio foi sozinho tratar-se a um hospital privado.

Entrou no Serviço de Urgência do Hospital Cuf Descobertas e depois na Cuf Cascais – tudo sem que ninguém chamasse a polícia.

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Segundo a acusação, que imputa os roubos e homicídio a dez homens – seis deles operacionais –, um disparo de caçadeira que fez ricochete no alcatrão do estacionamento onde a carrinha de valores foi assaltada atingiu ‘Gordo’ nos dedos do pé esquerdo, provocando -lhe "ferimentos graves". Duas horas e meia após o roubo e a tentativa de carjacking em que foi morto João Carlos Silva, 49 anos, ‘Gordo’ entrou na Cuf.

Alegou "um acidente de trabalho" – disse que se tinha ferido na pastelaria da irmã – e recebeu tratamento. Terá beneficiado do facto de ter sido atingido por chumbos de caçadeira que não ficaram visíveis no ferimento, iludindo os médicos.

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O assaltante aproveitou também para fazer uma participação à companhia de seguros Allianz a requerer que lhe pagassem as despesas médicas.

Nos dias seguintes ainda passou pela ortopedia do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, e foi a consultas e fez exames no Amadora-Sintra. Acabou preso em março passado. Na busca à sua casa, a Unidade de Contraterrorismo da PJ encontrou documentos do "acidente de trabalho": etiquetas das urgências, do dia do crime – e um escrito hospitalar que referia: "Dedos do pé, duas incidências".

Despiste na fuga feriu outro assaltante

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Foi o único a não assistir ao homicídio de João Carlos Silva. Foi despertado depois, para entrar no carro roubado a outra condutora. Levava um gorro (só com buracos para os olhos) e deixou-o na A16, com sangue.

PORMENORES 

Livro de reclamações

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Ricardo ‘Gordo’ fez queixa no livro de reclamações do Hospital Cuf Cascais. A PJ encontrou uma cópia da folha de reclamação na busca à casa do suspeito. A acusação não refere o motivo. Terá sido apenas um pretexto para alegar, caso confrontado pela polícia, que não esteve no local dos crimes de Lourel.

Perito vai depor

A seguradora elaborou, no dia 22 de março de 2016, um boletim clínico sobre o "acidente de trabalho". Um perito é indicado como testemunha pelo Ministério Público para o julgamento.

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Evitou urgência pública

‘Gordo’ evitou as urgências de um hospital público, que têm postos da PSP e, de imediato, seria chamada a PJ. O CM colocou ontem questões ao Grupo Cuf, que remeteu para o dia de hoje os esclarecimentos.

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