Hugo Abreu obrigado a comer terra quando desfaleceu
Família acusa instrutores do curso de comandos que matou dois militares.
A família de Hugo Abreu, um dos dois militares que morreram após um treino do 127º curso de Comandos do Exército, acusa os instrutores de terem obrigado o filho a "comer e respirar terra" quando o militar desfaleceu, a 4 de setembro. "Depois de ele cair para o chão, o sargento Rodrigues pô-lo a respirar e a comer terra. Porquê, não sei", disse Ângela Rodrigues, que vivem em França com o marido, à RTP.
A reportagem da televisão pública ouviu várias testemunhas que confirmam esta versão dos acontecimentos. No mesmo treino, três outros militares ficaram feridos e tiveram de ser hospitalizados. Um deles, Dylan da Silva, acabou por falecer uma semana depois no hospital.
O pai de Hugo Abreu acredita que o filho morreu de desidratação. Um dos militares disse, sob anonimato, à RTP que os instruendos só podiam beber água com autorização dos formadores do curso de comandos.
Oficialmente, o Exército justificou as mortes com a ocorrência de "um golpe de calor". Mas ainda decorre um inquérito para esclarecer o caso. Em nota enviada à RTP, é dito o seguinte: "O Exército aguarda as conclusões das investigações que determinarão se os procedimentos cumpriram o previsto, se houve alterações justificadas ou se houve alterações que, não se justificando, consubstanciem matéria disciplinar ou criminal".
Ministro diz que inquérito estará concluído até ao final do ano
O ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, mostrou-se esta sexta-feira convicto de que o processo de averiguações às mortes de dois comandos durante um treino deverá estar concluído até ao final do ano.
"Estamos em setembro, tenho a certeza absoluta que antes do fim do ano o processo de averiguações estará concluído", afirmou.
No final de uma visita ao Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), em Lamego, Azeredo Lopes informou que para já ainda não há quaisquer dados sobre o inquérito de averiguações que está em curso para apurar os factos que levaram à morte dos dois militares dos comandos, que participavam num treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, que decorreu no dia 4 de setembro.
"Gostaria de reiterar duas coisas, aquilo que é a dor e o sentimento de perda das famílias dos dois jovens que faleceram e isso é algo que não se pode corrigir, não se pode reparar no seu sentido mais amplo. Em segundo lugar, que o Exército está a desenvolver o seu processo de averiguações e que estou absolutamente convicto que esse processo será feito com transparência e rigor, para apurar a verdade dos factos", sustentou.
Aos jornalistas, o ministro da Defesa Nacional reiterou ainda que está confiante de que o Exército "levará a cabo este processo de averiguações em 2016, com o rigor que é exigível".
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