Isabel dos Santos foi chamada a depor no julgamento de Rui Pinto

Empresária, com residência no Dubai, tinha desistido da queixa contra o "hacker", mas este arrolou-a como testemunha.

20 de maio de 2025 às 17:21
Isabel dos Santos
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O tribunal que está a julgar o "hacker" Rui Pinto, suspeito de  201 crimes de acesso ilegítimo qualificado, 22 de violação de correspondência agravados e 18 de dano informático, notificou Isabel dos Santos para prestar depoimento, no próximo dia 4 de junho. A notificação, a que o NOW teve acesso, seguiu para o Dubai, onde a empresária de encontra desde 2020.

Isabel dos Santos, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, foi arrolada por Rui Pinto como testemunha, depois de já ter sido assistente no processo na qualidade de liquidatária da Fidequity, uma das suas empresas, em Portugal, que terá sido vítima do "hacker". Muito dificilmente a empresária se deslocará a Portugal para prestar depoimento: é que sobre si há um mandado de captura internacional, emitido pelas autoridades angolanas. Como assistente no processo que está a julgar Rui Pinto, a empresária, no início deste ano, comunicou ao tribunal que pretendia desistir da queixa, assim como prescindir do estatuto de assistente, quando, em julho de 2023, a própria Fidequaty fez questão de comunicar aos autos que pretendia aderir à acusação do Ministério Público.

O criador do "Football Leaks" foi pronunciado para julgamento no passado dia 4 de março de 2024, com o Tribunal Central de Instrução Criminal a amnistiar o arguido em 134 crimes de violação de correspondência, com base na aplicação da lei da amnistia aprovada em 2023, durante as Jornadas Mundiais da Juventude, uma vez que os crimes que são imputados foram alegadamente praticados antes de ter completado 30 anos.

Rui Pinto vai responder em julgamento por 201 crimes de acesso ilegítimo qualificado, 23 crimes de violação de correspondência agravados e 18 crimes de dano informático. Entretanto, os advogados de Rui Pinto manifestaram "repúdio pela atitude do Ministério Público que levou à abertura do segundo processo judicial" contra o criador do 'Football Leaks', defendendo que este já foi julgado e condenado pelos mesmos crimes.

Em comunicado enviado à Lusa antes do início do julgamento, os advogados Francisco Teixeira da Mota, Luísa Teixeira da Mota e William Bourdon referiram que Rui Pinto "foi julgado no âmbito de um processo que se prolongou por três anos, tendo sido condenado a uma pena suspensa de quatro anos de prisão" em 11 de setembro de 2023, por nove crimes, uma decisão que foi confirmada, esta semana, pelo Tribunal da Relação de Lisboa."

"O Estado português prepara-se, agora, para julgar Rui Pinto, pela segunda vez, pelo mesmo tipo de crimes, ocorridos no mesmo contexto e espaço temporal (2015-2019), tendo sido, ainda, no âmbito deste atual segundo processo anunciado pelo Ministério Público que um terceiro processo se seguiria, também pelo mesmo tipo de crimes ocorridos no mesmo contexto e espaço temporal!", acrescentaram os defensores do "hacker".

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