"Evasão demorou 6 minutos" e "é de uma gravidade extrema": Ministra da Justiça quebra silêncio sobre fuga de reclusos

A ministra da Justiça, Rita Júdice, classificou a fuga dos cinco reclusos da cadeia do Vale de Judeus, em Alcoentre, como um caso de "gravidade extrema", que "não pode ser desculpado". A governante considerou que os dados do relatório preliminar revelam "desleixo, irresponsabilidade e falta de comando", e garante que não vai hesitar em apresentar processos disciplinares caso seja necessário.

"Erros e falhas graves e grosseiras"

"Temos fundamento para concluir que a fuga resultou de uma cadeia sucessiva de erros e falhas graves e grosseiras", disse aos jornalistas, esta terça-feira, quando apresenta as conclusões retiradas do relatório da auditoria à atuação dos serviços de vigilância e segurança, que foi elaborado pela Divisão de Serviços de Segurança da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

No sábado, dia da fuga, estavam escalados 35 guardas prisionais e o sistema de videovigilância estava a funcionar. "Houve uma sucessão de fragilidades. Nos relatos recebidos vimos desleixo, facilidade, irresponsabilidade e vimos falta de comando. Vimos decisões erradas ou ausência de decisões", apontou. 

"Evasão demorou seis minutos"

A governante indica que os presidiários conseguiram fugir no espaço de seis minutos: Às 9h55, três indivíduos apareceram no perímetro externo da prisão; às 9h57 a operação de fuga começou e às 10h01 já se encontravam todos fora do estabelecimento prisional. O dois guardas do estabelecimento prisional que estavam de serviço detetaram a situação apenas por volta das 11h00 e deram o alerta para a GNR às 11h18. 

Rita Júdice condenou o facto de ter demorado 83 minutos desde a fuga dos reclusos ao alerta.

Isabel Leitão vai substituir Rui Abrunhosa Gonçalves

A ministra confirmou que aceitou a demissão de Rui Abrunhosa Gonçalves e que o cargo de diretor-geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais vai ser assumido por Isabel Leitão.

"Dar espaço à investigação"

A ministra justificou não se ter pronunciado antes sobre a fuga de cinco reclusos da cadeia de Vale dos Judeus ocorrida no sábado com a necessidade de dar "espaço à investigação" do caso.

"Enquanto ministra da Justiça, entendi ser crucial dar espaço à investigação, não contribuindo para o ruído de fundo, que surge sempre nestes momentos", alegou Rita Alarcão Júdice.

Auditoria à segurança das 49 cadeias do País

Rita Júdice anunciou uma auditoria urgente à segurança dos 49 estabelecimentos prisionais de Portugal, na sequência da fuga de cinco reclusos da cadeia de Vale dos Judeus no sábado.

"Mandatei a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça para dar início urgente a uma auditoria aos sistemas de segurança de todos os 49 estabelecimentos prisionais do país. Temos de ter confiança nos equipamentos, nos sistemas de segurança e de vigilância", afirmou Rita Alarcão Júdice em conferência de imprensa.

Segundo a governante, a inspeção-geral "compromete-se a entregar o resultado dessa auditoria até ao final do ano".