Ministra da Saúde contradiz DGS: Hospitais de São João e Santo António "mantêm capacidade de resposta"

Diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou esta segunda-feira que as duas unidades hospitalares "esgotaram a capacidade".

03 de março de 2020 às 17:48
Marta Temido Foto: Nuno Fox/Lusa
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A ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou esta terça-feira que os hospitais de São João e Santo António, no Porto, "mantêm a sua capacidade de resposta", tendo disponíveis duas mil camas comuns para isolamento.

"Quer o São João quer o Santo António mantêm a capacidade de resposta e não ficaram em sobrecarga com os dois casos positivos [do novo coronavírus]", disse Marta Temido, na Comissão de Saúde do parlamento, onde começou a ser ouvida esta terça-feira a pedido do PSD, PCP e BE sobre as condições de funcionamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

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As declarações da ministra da Saúde no parlamento surgem um dia após a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, ter afirmado que aquelas duas unidades hospitalares "esgotaram a capacidade".

"Recebi um telefonema (...) que me disse que [os hospitais de] Santo António e São João esgotaram a capacidade", disse na segunda-feira Graça Freitas, durante o programa "Prós e Contras", na RTP1.

A diretora-geral da Saúde referiu que, por essa razão, contactou com a Administração Regional de Saúde do Norte para "ativar os outros quatro hospitais que estavam na retaguarda prontos para ser ativados", sem especificar quais as unidades hospitalares.

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Questionado sobre as razões pelas quais os hospitais de Santo António e de São João esgotaram a capacidade, a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) explicou que os quartos de pressão negativa nestas unidades de saúde "têm lá outros doentes internados", "os dois casos positivos" já conhecidos e também os casos "suspeitos que lá estão neste momento".

Segundo Marta Temido, no São João e no Santo António estão disponíveis cerca de duas mil câmaras comuns para efeitos de isolamento, 300 camas de cuidados intensivos e mais 300 de pressão negativas que "poderão ser alocadas a este surto".

Além disso, avançou a governante, "há um conjunto de hospitais de segunda linha que estão a ser preparados para responder" ao aumento de casos de contágio, como é o caso do Hospital de Braga, do Centro Hospitalar do Porto, do Centro Hospitalar de Lisboa Norte ou o Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

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O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infetou mais de 90 mil pessoas em cerca de 70 países e territórios, incluindo duas em Portugal.

Das pessoas infetadas, cerca de 48 mil recuperaram, segundo autoridades de saúde de vários países.

Além de 2.943 mortos na China, onde o surto foi detetado em dezembro, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América, San Marino e Filipinas.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco "muito elevado".

A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou na segunda-feira os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.

Um tripulante português de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção.

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