Montenegro contestado no último adeus ao bombeiro que morreu a caminho do incêndio no Fundão

Nem todos gostaram de ver o primeiro-ministro no funeral de Daniel Agrelo, na Covilhã. Horas mais tarde, foi a enterrar o ex-autarca de Vila Franca do Deão.

20 de agosto de 2025 às 01:30
Cortejo fúnebre passa em frente ao quartel Foto: Miguel Pereira da Silva
Luís Montenegro foi ao funeral de Daniel Agrelo Foto: Direitos Reservados
Marcelo assistiu às cerimónia fúnebres de Carlos Dâmaso, em Vila Franca do Deão Foto: Direitos Reservados

1/3

Partilhar

“Sai daqui, deixa-nos chorar”, gritou uma popular, por entre a multidão e assobios. O alvo era Luís Montenegro, que ontem participou no último adeus a Daniel Agrelo, bombeiro da Covilhã que perdeu a vida nos incêndios. “O primeiro-ministro não merece estar aqui” e “somos da província, mas não somos maluquinhos” foram outras fases que se ouviram à passagem do chefe do Governo, que estava acompanhado pela ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral.

A contestação a Montenegro não foi de todo uma surpresa. Apesar das justificações dadas pelo primeiro-ministro sobre as dificuldades sentidas “em 24 dias seguidos de severidade meteorológicas”, têm sido muitas as críticas à forma como tem sido conduzido o combate aos fogos. As populações sentem-se desamparadas. O próprio bispo da Guarda, D. José Pereira, que ontem presidiu às cerimónias fúnebres de Daniel Agrelo, deixou um alerta claro: “Os bombeiros são heróis. Não podemos pedir que sejam super-heróis”, disse, sublinhando que “é preciso fazer mais pelos nossos bombeiros”.

Pub

O funeral de Daniel Agrelo, que deixa um filho de 14 anos, foi marcado pela emoção, lágrimas e dor. O cortejo fúnebre foi seguido por muitos populares, mas poucos bombeiros. As chamas não dão tréguas e as corporações continuam no terreno. Ficam as saudades e a memória.

Montenegro não foi ao funeral de Carlos Dâmaso, a primeira vítima dos fogos deste ano. Mas foi o Presidente, que horas antes, na Autoeuropa, destacou o ato de solidariedade do ex-autarca, que perdeu a vida a combater um incêndio na terra que o viu nascer e crescer: Vila Franca do Deão, Guarda. Carlos Dâmaso lutou contra as chamas e ajudou a salvar “os bens daquele que o tinha vencido nas últimas autárquicas, com o trator desse atual presidente da junta”, recordou Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve acompanhado da ministra da Administração Interna. Também Carlos deixa saudades e memórias em Vila Franca do Deão.

E TAMBÉM

Pub

Despedida

A igreja matriz de Vila Franca do Deão foi pequena para acolher as centenas de pessoas que ali acorreram para o último adeus a Carlos Dâmaso. Na homilia, proferida pelo bispo da Guarda, D. José Pereira chamou a atenção para o facto de o País não ser uniforme e que é preciso “dar atenção ao Interior desertificado”.

Tropa no terreno

Pub

O Exército já empenhou mais de 3700 militares e 1600 viaturas no combate aos fogos. Está presente em 36 municípios, indicou aquele ramo das Forças Armadas.

Raimundo crítica

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou ontem o Governo de ter desvalorizado a dimensão dos incêndios e de não ter tomado as medidas necessárias. “Acordou tarde e de forma arrogante” para a realidade dos fogos, considerou.

Pub

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

Partilhar